Há pelo menos dez municípios que terminaram 2020 sem dívidas a fornecedores. E alguns até têm impostos no mínimo.
Corpo do artigo
Há pelo menos dez câmaras municipais do país que encerraram as contas do ano de 2020 sem qualquer dívida a fornecedores e muitas têm os impostos no mínimo. São autarquias conhecidas por serem os bons pagadores do país, algumas há vários anos consecutivos, que têm em comum o aproveitamento dos fundos comunitários e a boa gestão da despesa.
O segredo, segundo Domingos Carvas, presidente da Câmara de Sabrosa, é "não andar mais do que as pernas deixam", que é o mesmo que dizer que a despesa deve manter-se controlada e adstrita àquilo que se pode pagar ao longo do ano, sobretudo com recurso a fundos comunitários.
O município de Sabrosa é um dos que faz o pleno dos impostos. O imposto municipal sobre imóveis (IMI) está no mínimo (0.3%), taxa de derrama não existe e a devolução do IRS aos contribuintes está no máximo (5%). A quem pensar que não houve obra em Sabrosa, o autarca garante o contrário: "Acho que é a primeira vez, desde sempre, que o manifesto eleitoral foi cumprido na íntegra".
No que toca à boa gestão, Sabrosa tem a companhia de, pelo menos, Amarante, Cantanhede, Câmara de Lobos, Azambuja, Mealhada, Castro Daire, Ferreira do Zêzere, Pampilhosa da Serra e Castelo de Vide. A esta listagem podem ainda ser adicionados municípios cujas contas não estão fechadas ou não foram ainda divulgadas.
Entre os presidentes da Câmara que são bons pagadores, há pelo menos uma mulher, Helena Teodósio, autarca de Cantanhede. Para a presidente da Câmara, o cumprimento do plano e orçamento é a chave do sucesso, mas em ano de pandemia não foi fácil: "O ano atípico que se viveu em 2020 obrigou a alterações e revisões orçamentais muito significativas, não só do lado da despesa, mas também do lado da receita".
Ao lado de Cantanhede, há outro bom pagador: Mealhada. O executivo liderado por Rui Marqueiro também fechou 2020 sem dívidas e ainda anunciou que tem oito milhões de euros de depósitos bancários. Tudo isto com o IMI no mínimo e graças a "um trabalho diário de controlo financeiro eficaz e irrepreensível", sublinha.
Entre os municípios que já divulgaram ter fechado as contas sem dívidas, o maior está no Norte: Amarante. Com um orçamento acima dos 50 milhões de euros e com o IMI no mínimo, José Luís Gaspar lembra que foi preciso afetar "recursos muito significativos" para apoiar famílias e instituições afetadas pela covid-19. Foi, portanto, um ano "particularmente exigente", mas que assegurou todas as faturas, reduzindo o "impacto económico e financeiro da pandemia nas empresas fornecedoras e instituições parceiras do município".