O Ministério da Educação prolongou o funcionamento das cantinas escolares até 31 de julho, não tendo pedidos para agosto. Mas há câmaras a arranjar soluções para garantir refeições aos alunos carenciados e também aos do Pré-Escolar por muitos pais terem tido férias durante a pandemia.
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O serviço de takeaway é a alternativa escolhida e que deve manter-se no arranque das aulas em setembro, prevê o presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP), Filinto Lima.
A Câmara do Porto é uma das que irão prolongar o serviço de refeições em regime de takeaway em agosto de acordo com os pedidos feitos pelas escolas de 1.º ciclo e Pré-Escolar. Gaia, Estarreja, Ílhavo, Mealhada, Famalicão, Castelo de Paiva, Feira, Marinha Grande, Loures, Oeiras, Cascais ou Sintra também o vão fazer. Há ainda casos como o de Cinfães, em que agrupamento e autarquia entregam semanalmente cabazes com bens essenciais a quase 100 famílias. "Já o faziam antes e aumentou durante a pandemia", assume Manuel Pereira, diretor do agrupamento e presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE).
"O serviço de apoio às refeições não está confinado ao período escolar. Há já alguns anos que a Câmara o assegura e assim vai continuar a ser. É um apoio que não será colocado em causa em circunstância alguma, muito menos nesta altura difícil", frisa ao JN o presidente da câmara de Famalicão, Paulo Cunha. As escolas do município estão a servir, por dia, 260 refeições a alunos do Básico e Secundário e 650 no Pré-Escolar. A autarquia está a fazer o levantamento para agosto, devendo ser em take-away ou entrega ao domicílio.
A vereadora da Educação da Câmara de Guimarães, Adelina Pinto, também está a avaliar soluções para agosto, que devem passar pela entrega de cabazes, nos casos de as famílias terem capacidade para "confecionar as refeições" ou pelo takeaway. É a primeira vez que a autarquia sente necessidade de manter o serviço em agosto. E a exceção, explica a vereadora, resulta do facto de muitos pais não terem férias, pois já as tiveram de tirar durante o confinamento.
"Habitualmente, no mês de agosto, fechávamos as cantinas e ficávamos descansados. Este ano, há situações que não podemos simplesmente abandonar", frisa.
Regra no próximo ano
"Já estávamos a levar algumas refeições a alunos em ensino à distância, sobretudo em zonas mais distantes", sem transporte, sublinha o autarca de Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha, revelando que o serviço vai manter-se em agosto.
A maioria das cantinas abertas em julho, garantem tanto Manuel Pereira como Filinto Lima, estão a servir um número de almoços residual. Em Cinfães, Manuel Pereira mantém dois funcionários "disponíveis para o que for preciso". O problema, frisa, "é que os alunos vivem longe e não têm transportes para se deslocar à escola".
A modalidade de takeaway é proposta nas orientações enviadas às escolas como uma solução para, no próximo ano letivo, se evitar a concentração de alunos. Os diretores garantem ser mais difícil desfasar os horários de almoço, o que implicaria estarem abertas o dia inteiro. "Com o takeaway ninguém, ou quase ninguém, almoça na escola no próximo ano", frisa Filinto Lima. O objetivo é concentrar os horários de manhã ou de tarde e que os alunos levem os almoços para casa.
À margem
Chumbo na AR
Devido à crise socioeconómica provocada pela pandemia, o BE entregou um projeto de resolução a pedir o fornecimento de refeições escolares a alunos abrangidos pela ação social durante o verão. A iniciativa foi chumbada com os votos contra do PS e a abstenção do PSD.
ME sem pedidos
Em julho, foram servidas nas escolas cerca de 12 mil refeições diárias, num total de 180 mil. À DGEstE não chegaram pedidos relativos a agosto, revelou o ME. Entre março e junho, foram fornecidas mais de 1 milhão e 500 mil refeições, nas cerca de 750 escolas que se mantiveram abertas.