Os casos de cancro da cabeça e pescoço irão afetar 200 mil pessoas durante a próxima década, e 587 mil perderão a vida devido à doença até 2030. As estimativas da Global Cancer Observatory 2020, plataforma de estatística do cancro, têm em conta o desconhecimento da doença e os principais fatores de risco: álcool e tabaco.
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O cancro da cabeça e pescoço é o sexto cancro mais comum e o oitavo que provoca mais mortes na Europa. Mais de metade dos casos (60%) apenas é diagnosticado já em fases avançadas, sendo que, em 66% das situações, o tumor provoca a morte após cinco anos. Mas quando o cancro é diagnosticado ainda em fases iniciais, 90% dos doentes conseguem sobreviver.
Ana Joaquim, médica oncologista em representação do Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço (GECCP), alerta que o álcool e o tabaco aumentam a probabilidade de desenvolver a doença: "Os dados mostram-nos que o consumo de mais de três unidades de álcool por dia entre os homens e mais de duas entre as mulheres faz aumentar o risco de desenvolver este tipo de cancro. Em relação ao tabaco, acredita-se que quem fuma tem 15 vezes mais probabilidade de desenvolver cancro da cabeça e pescoço".
Perante as estimativas, a Make Sense, uma campanha de consciencialização sobre este cancro, quer reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, que podia ter evitado 73 mil mortes em 2020. Desta forma, a campanha irá realizar rastreios em hospitais e nas escolas, principalmente as secundárias, junto dos jovens com idade de iniciação do consumo de álcool e tabaco. "Queremos explicar aos mais jovens qual o impacto do consumo excessivo de álcool", sublinha a especialista.
Os rastreios serão realizados no Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, EPE - Unidade de Portimão, no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, no Centro Hospitalar de Lisboa Central e na CUF Tejo.
A Make Sense alerta, ainda, para os sintomas, que se tiverem presentes durante três semanas, podem ser sinais do cancro: "língua dorida, úlceras na boca que não cicatrizam e/ou manchas vermelhas ou brancas na boca; dor na garganta; rouquidão persistente; dor e/ou dificuldade para engolir; e alto no pescoço ou secreção nasal com sangue".
"Quando diagnosticado e tratado precocemente, o cancro da cabeça e pescoço pode ter um bom prognóstico, mas muitas pessoas continuam a sofrer as terríveis consequências desta doença por não compreenderem os sinais e sintomas que o corpo lhes dá. E não só os doentes, ou sobreviventes, sofrem com a doença mas também todos os seus familiares e amigos", remata Ana Joaquim.