O deputado Rui Rocha, para já o único candidato à liderança da IL, nega que o facto de ter o apoio do presidente demissionário, João Cotrim Figueiredo, limite a apresentação de outras candidaturas. O parlamentar, eleito por Braga, descreve como "inqualificáveis" as palavras do primeiro-ministro, que acusou os liberais de prepararem uma aproximação ao "lamaçal" do Chega.
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Em entrevista à RTP 3, Rui Rocha lembrou que os militantes da IL poderão apresentar candidaturas à liderança "pelo menos até ao fim de novembro", pelo que considera não existir "nenhuma limitação" a que surjam mais candidatos. As eleições, recorde-se, foram marcadas para dezembro, embora alguns militantes defendam que elas sejam adiadas para janeiro.
"Não há nenhuma limitação, é até desejável que essa apresentação de listas concorrentes possa acontecer", reforçou o parlamentar. "As pessoas que tenham essa vontade estão perfeitamente à vontade para o fazer", vincou, insistindo ser "desejável que possa haver debate democrático" no partido.
Cotrim Figueiredo, recorde-se, anunciou a saída no domingo, por entender não ser "a pessoa ideal" para tornar o partido "mais popular". Rui Rocha assume o desafio e compromete-se a adotar uma política de maior "proximidade".
"Temos presença nas redes sociais, temos presença crescente na comunicação social, mas há outras maneiras de chegar às pessoas", frisou, dando como exemplo a distribuição de propaganda política nas ruas ou a maior aposta em temas como a habitação ou a transição energética. O objetivo é estender o alcance da IL "a diferentes eleitorados e a diferentes regiões do país".
"Não faremos nenhum entendimento com o Chega"
Rui Rocha descreveu as declarações do primeiro-ministro sobre a IL como "inqualificáveis", considerando que estas "tornam óbvia a inquietação" de António Costa com o partido. Esta segunda-feira, o chefe do Governo acusou os liberais de quererem "competir com o Chega", passando, por isso, a privilegiar um "estilo de luta livre no meio do lamaçal".
Para o candidato à sucessão de Cotrim Figueiredo, estas palavras provam que Costa "está nervoso e sabe que a IL é o seu principal opositor". Acusando o primeiro-ministro de usar o partido de André Ventura para "ganhar notoriedade", Rui Rocha desafiou-o a passar "uma semana sem pôr a palavra 'Chega' na boca".
O liberal também negou que a sua estratégia passe por uma aproximação à extrema-direita. "A IL tem, acerca do Chega, uma posição absolutamente clara. Não faremos nenhum tipo de entendimento com o Chega", garantiu.
Relativamente a objetivos eleitorais, Rui Rocha disse querer que os liberais alcancem, pela primeira vez, representação parlamentar tanto nas eleições europeias como nas nas eleições regionais da Madeira, ambas em 2023.
Também revelou ter "objetivos fortes de crescimento" para as legislativas de 2026, mas deixou mais pormenores - nomeadamente o número de deputados a eleger - para a moção estratégica que irá apresentar em breve.