Reforçar a voz do PAN, recuperar votos perdidos e eleitos, envolver personalidades da sociedade civil e comunicar melhor a mensagem do partido são algumas bandeiras que marcam este sábado o seu congresso em Matosinhos. Na corrida à liderança estão a atual porta-voz, Inês de Sousa Real, e o antigo dirigente e ex-deputado Nelson Silva, que traçam limites a eventuais acordos com partidos.
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A Escola Básica de Matosinhos foi o palco escolhido para o nono congresso do qual saíra a nova Comissão Política Nacional e a estratégia para os próximos anos. Serão ainda votadas três propostas de alteração aos estatutos e discutidas 15 moções setoriais.
Ao JN, os candidatos falaram das suas moções globais e explicaram como pretendem reforçar o PAN, quais as metas eleitorais e que tipo de acordos admitem realizar com as outras forças políticas.
A atual porta-voz traça como "linha vermelha" quem se associe ou defenda valores antidemocráticos ou populistas. Nelson Silva não é favorável a acordos de viabilização de governos e remete para uma análise proposta a proposta.
1. Como pretende aumentar a representação do PAN?
Inês de Sousa Real:
Dando continuidade ao trabalho iniciado e respeitando o percurso do PAN desde a sua fundação. Continuaremos a aproximação aos fundadores daquele que foi e continua a ser um partido único no panorama político. Pretendemos lançar ainda o desafio a figuras de reconhecido mérito da sociedade civil e que sempre tenham mostrado um compromisso para com as nossas causas, de integrarem o conselho consultivo que propomos na moção estratégica da lista que encabeço. Paralelamente, realizaremos formações internas sobre diversas áreas relacionadas com as causas do PAN. Adicionalmente, na lógica que introduzimos já com esta direção, de dar mais voz e pluralidade ao PAN, continuaremos a prática de auscultação aos filiados, de forma mais abrangente e dinâmica.
Nelson Silva:
Em primeiro lugar, preparando as estruturas do partido para que possamos reforçar as bases. Depois, sem dúvida apresentar um plano para o país com os valores da ecologia, compaixão e inclusão na sua base. As pessoas vão entender a nossa mensagem se a comunicarmos bem. Após este congresso, é necessário e urgente preparar as estruturas não só para acomodarem as propostas de alteração dos estatutos que surjam deste congresso, mas também para dar mais autonomia às estruturas locais, nomeadamente as distritais e as concelhias, para que consigam fazer um bom trabalho de campo, na passagem e na defesa da mensagem do PAN junto das suas populações. Depois, teríamos que reconquistar a credibilidade que o PAN um dia já teve para poder reconquistar especialmente os votos que perdemos de 2019 a 2022.
2. Quais as metas para os próximos atos eleitorais?
Inês de Sousa Real:
O PAN tem como objetivos resgatar eleitos já nas eleições da Madeira e nas europeias de 2024. Há todo um trabalho que já vimos fazendo na Assembleia da República no sentido de contribuir para melhorar as condições de vida e preservar os nossos valores naturais. O contexto é diferente das últimas legislativas que, para prejuízo de todos, levou à maioria absoluta do PS, com resultados que denotam que o voto útil é em partidos como o PAN que podem efetivamente fazer a diferença.
Nelson Silva:
Eleger representação nas regionais da Madeira e reeleger para o Parlamento Europeu, como elegemos em 2019. É muito importante, especialmente para as causas que o PAN defende, que se consiga ter uma voz consolidada no Parlamento Europeu. Depois, quem sabe, voltar a eleger para a Assembleia da República em caso de queda de Governo. Tem de ser objetivo para qualquer candidatura a congresso.
3. No plano nacional, está disponível para entendimentos à esquerda e direita, incluindo acordos para as próximas legislativas?
Inês de Sousa Real:
A atuação do PAN irá sempre pautar-se por fazer avançar as suas causas, dialogando e negociando sempre que necessário com quem esteja ao nível dos valores que defendemos. Agiremos comprometidos com os nossos valores progressistas, traçando como linha vermelha todos quantos se associem ou defendam valores antidemocráticos, discriminatórios e populistas.
Nelson Silva:
Os acordos só são realisticamente viáveis para partidos com maior representação parlamentar. É impossível num plano pré-eleitoral dizer que se faz acordo com A ou com B. Mas, pessoalmente, não sou favorável a acordos de viabilização de governos, preferindo sempre avaliar proposta a proposta.