Concurso fecha com 62 675 candidaturas. Procura superou a oferta, com 1,2 alunos a disputar cada vaga aberta.
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De dia para dia a bater máximos, a 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior fechou, ontem à noite, com 62 675 candidaturas, o valor mais alto desde 1997. Com uma média diária de 3687 candidaturas, num concurso encurtado no tempo devido à pandemia, a procura superou a oferta, com 1,2 candidatos por vaga.
A expectativa é, por isso, enorme para o dia 28 de setembro, quando serão divulgados os resultados. Com o aumento tanto das classificações dos exames nacionais como do número de candidatos a colocar sobre forte pressão as médias de acesso. A hipótese de alunos com médias superiores a 17 valores não entrarem na sua primeira opção joga-se, ainda, no campo das probabilidades. Mas há fatores a ponderar.
Logo à partida, a evidência de que "o aumento das classificações nos exames conjugado com o aumento de candidatos puxará as médias para cima", explica ao JN o investigador do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto, Tiago Neves. O que não quer dizer "que um aluno que teve 17,5 valores, no ano passado, seja melhor do que um que teve agora 16,5 valores, na medida em que, no nosso país, "os exames nacionais - e daí o aumento das médias neste ano - não são standardizados".
Depois, permanece ainda uma incógnita: se os alunos que anualmente concorrem diretamente a universidades estrangeiras vão optar por ficar em Portugal devido ao contexto pandémico mundial. Ao JN, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Pedro Dominguinhos, admitia como possível explicação para o aumento das candidaturas algum efeito de "retenção" destes estudantes.
Em causa estão cerca de dois mil alunos que podem também pressionar as médias de acesso neste ano. Recorde-se, a título de exemplo, o caso de Diogo, um dos cinco alunos que, na 1.ª fase do concurso do ano passado, entraram na universidade com 20 valores. Só que, em vez de ficar na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, rumou a Londres.
Este ano, refira-se, foram fixadas mais 240 vagas nos cursos com maior concentração de melhores alunos - com exceção de Medicina -, concretamente nas universidades de Lisboa e Porto. Entre eles contam-se os ciclos de estudo que, de ano para ano, batem recordes nas médias de ingresso, como Engenharia Aeroespacial, do ISCTE, com o último de 92 colocados a entrar, na 1.ª fase do ano passado, com 18,95 valores. Mas também cursos como o de Línguas e Relações Internacionais (17,9 valores) e de Gestão (17,8 valores).
SABER MAIS
Propinas com corte de 20%
A propina máxima para o próximo ano letivo foi fixada nos 697 euros, o que representa um decréscimo de 20%.
Ação social reforçada
O complemento de alojamento pago a estudantes deslocados foi reforçado em 40%, para um total de 174,3 euros. Podem beneficiar deste apoio os bolseiros que não consigam lugar numa residência.
Calendário
Os resultados da 1.ª fase de acesso são conhecidos dentro de um mês, a 28 de setembro, decorrendo as matrículas até dia 2 de outubro. A 2.ª fase do concurso decorre entre os dias 28 de setembro e 9 de outubro, sendo os resultados publicados a 15 do mesmo mês. A 3.ª e última fase decorre entre 22 e 26 de outubro, com divulgação dos resultados no penúltimo dia desse mês.