O cardeal patriarca de Lisboa classificou ontem a lei que vai regular a morte medicamente assistida como um "retrocesso humanitário", vendido como progresso civilizacional. A eutanásia foi um dos temas escolhidos para a homilia de ontem e também para a mensagem de Natal do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente criticou os "autênticos retrocessos humanitários" apresentados como progressos civilizacionais, como a morte medicamente assistida.
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Na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente criticou os "autênticos retrocessos humanitários" apresentados como progressos civilizacionais, como a morte medicamente assistida.
"Como no que diz respeito à integridade da vida humana, quando deixa de ser legalmente protegida em todo o seu devir e não se usam os recursos que o progresso científico nos oferece para o fazer, de forma positiva e generalizada, até ao termo natural de cada um", criticou o cardeal patriarca.
"Quando por esse mundo além e aquém se multiplicam refugiados e emigrantes forçados, que têm inegável direito a ser acolhidos e respeitados em qualquer lugar onde cheguem. Não consta que São José tenha encontrado dificuldades de maior, quando se refugiou no Egito, com o Menino e Sua Mãe", sublinhou também D. Manuel Clemente.
Na mensagem vídeo do presidente da CEP, D. José Ornelas também sublinha o esforço mundial para salvar vidas durante a pandemia covid-19 enquanto em Portugal se permite "o avanço da eutanásia e do suicídio assistido como resposta para erradicar o sofrimento". Já numa entrevista à Rádio Renascença e à Agência Ecclesia, o também bispo de Leiria-Fátima critica o excessivo debate ideológico pelos responsáveis políticos e a fraca capacidade para resolverem problemas. "Quem se lixa são aqueles que estão em necessidade", respondeu, insistindo que os discursos "nestes dias, são blá-blá-blá, não trazem soluções".
Dados dos suicídios
José Tolentino de Mendonça referiu a existência de uma "sociedade de surdos", numa "cultura muito polarizada" e defendeu a necessidade de se cuidar uns dos outros. Na homilia da missa de Natal da Sé do Funchal, o cardeal sublinhou as estatísticas dos suicídios em Portugal, considerando ser "um sinal" que não pode ser ignorado.
"É um grito. Há irmãs e irmãos nossos a viver sofrimentos, a achar que já não são capazes de "dar a volta", de ter uma segunda oportunidade na vida e têm a tentação de pôr fim à sua história. Queridos irmãos, isto não pode acontecer", sublinhou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.