Carlos Tavares, antigo presidente da Comissão do Mercado de Valores Imobiliários, defende que o país tem de aproveitar a estabilidade macroeconómica para fazer reformas. Na apresentação do livro “Um Caminho para Portugal” na Fundação AEP, Daniel Bessa, ex-ministro da Economia de Guterres, critica o estado do país.
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O livro “Um Caminho para Portugal” foi apresentado esta sexta-feira no Porto e é da autoria de Sara Monteiro, professora universitária e especialista em gestão de ciência e tecnologia, e Carlos Tavares, ex-ministro da Economia.
A apresentação teve lugar na Fundação AEP e contou com a participação de Daniel Bessa, também ex-ministro da Economia e antigo professor de Carlos Tavares.
Durante o evento, Carlos Tavares confessou que pensou que as reformas que propõe iriam gerar "muita discordância". Mas "o silêncio foi grande” pelo que deixa um desejo: "espero que alguém um dia as queira discutir”.
Na sua intervenção, Carlos Tavares apelou a que os partidos politicos aproveitem o período de estabilidade macroeconómica que Portugal vive para avançar com algumas destas reformas, entre as quais a da Administração Pública e da Segurança Social, incluindo o seu modelo de financiamento, a reforma fiscal com mecanismos de estabilidade, a orçamental, a da regulamentação de mercados e produtos e da política de concorrência, da justiça económica, do sistema nacional de inovação, do sistema de supervisão e regulação financeira e dos sistemas de educação e saúde.
"Contentamento medíocre"
O ex-ministro do PS, Daniel Bessa apoia atualmente Luís Montenegro, tal como apoiou Rui Rio no passado. Foi o orador principal da apresentação e expôs as suas ideias sobre a evolução da economia em Portugal.
Sobre o livro, Daniel Bessa compara a sua leitura com a estrutura de uma consulta médica, mas aponta ser “daquelas a que as pessoas vão quando se sentem mal”, dado o estado do país. “Para mim o problema é existir há muito tempo um contentamento medíocre com um resultado miserável”.
Os autores defendem no livro uma mudança estrutural do funcionamento da economia portuguesa. A obra inclui cinco prioridades, dez reformas estruturais e 50 intervenções de política económica. Os objetivos são aumentar a produtividade, o crescimento económico e a riqueza, fomentar o investimento e a poupança a longo prazo, garantir a sustentabilidade da segurança social, assegurar a saúde e a sustentabilidade das finanças públicas, e adotar uma política estável de promoção e inovação.
Miguel Cadilhe escreveu o prefácio do livro e esteve presente na sessão de apresentação. Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração da Fundação AEP, abriu a sessão mencionando considerando que “este livro é um contributo para a reflexão” sobre o que pode ser o desempenho económico do país no futuro.