Carneiro defende que PS deve "colocar condições" à AD para revisão constitucional
José Luís Carneiro, para já candidato único ao cargo de secretário-geral do PS, defendeu esta terça-feira que o partido "deve colocar condições" ao Governo da AD para uma possível revisão constitucional e afastou uma comissão de inquérito à Spinumviva, insistindo que "o assunto seja tratado na Justiça".
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À entrada de um almoço com os fundadores do Partido Socialista, em Lisboa, o ex-ministro da Administração Interna do último Governo de António Costa insistiu no diálogo com o Executivo de Luís Montenegro, intenção que já tinha manifestado no sábado, à saída da comissão política do PS, quando garantiu que o partido "tudo fará para contribuir para a estabilidade política do país". Questionado sobre uma eventual revisão constitucional, Carneiro considerou haver "outras prioridades no país", defendendo, porém, que se avançar, o PS "deve colocar condições" à AD para não ser afastado das negociações.
"E uma das condições é que o Governo da AD estabeleça como parceiro de diálogo, nomeadamente nas questões de regime, o PS. É impensável que se utilizem vias que possam colocar em causa este compromisso histórico que tem mais de 50 anos e que foi fundador das nossas liberdades, direitos e garantias fundamentais", apontou.
O candidato a sucessor de Pedro Nuno Santos "descartou" uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso da Spinumviva, posição que já tinha defendido em entrevista ao JN e à TSF, no final de março, quando admitiu que "teve dúvidas" quanto à constituição da CPI. José Luís Carneiro recordou que o partido "não pode abdicar de nenhum dos instrumentos de escrutínio da ação do Governo", mas insistiu que "o assunto seja tratado na Justiça". "É público que a Procuradoria-Geral da República tem em curso uma averiguação para procurar esclarecer dúvidas que ainda prevalecem sobre esses assuntos. Deixemos que o assunto seja tratado na Justiça. É aquilo que me parece adequado, razoável, sensato à luz daquilo que são as informações que dispomos nesta altura".
Para o socialista, "mesmo que houvesse novos elementos" sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, "a decisão [de avançar com uma CPI] não é única do secretário-geral". "Qualquer pronúncia minha, para além do que é a minha própria posição relativamente àquilo que tem a ver com o poder dos órgãos, seria estar a substituir-me aos órgãos que democraticamente constituem este partido, que é um partido democrático", afirmou.
As eleições internas do PS decorrem nos dias 27 e 28 de junho, com José Luís Carneiro a afigurar-se candidato único. No último sufrágio socialista, perdeu precisamente contra Pedro Nuno Santos, que conquistou 62% dos cerca de 40 mil votos dos militantes, contra 36% de Carneiro.