De norte a sul do país, a Proteção Civil registou 2777 ocorrências até às 20 horas desta terça-feira. Campo Maior, Monforte e Vila Nova da Barquinha foram dos concelhos mais afetados.
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Lisboa, Portalegre, Santarém e Setúbal foram os distritos mais afetados pelo mau tempo, na madrugada e no dia de terça-feira. No total, segundo André Fernandes, comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, registaram-se, de norte a sul do país, até às 20 horas, 2777 ocorrências, que envolveram no terreno 9481 operacionais. Ao início da noite, de acordo com André Fernandes, ainda havia "bastantes" estradas encerradas ao trânsito.
Campo maior
Vinte desalojados
Quatro horas de chuva intensa, entre as 5 e as 9 horas de terça-feira, transformaram Campo Maior num "autêntico rio", como relatou Luís Rosinha, presidente da Câmara. Habitações, garagens e armazéns ficaram alagados. Houve carros arrastados e estradas cortadas. Também 20 pessoas, entre as quais quatro crianças, ficaram desalojadas.
Uma das situações mais complexas registou-se no Largo da Alagoa, onde um túnel ficou submerso. E, segundo Paulo Moreira, comandante dos bombeiros de Campo Maior, "a água subiu mais de dois metros, soterrando habitações". No entanto, "não houve feridos a lamentar, tendo algumas pessoas sido retiradas de casa".
Devido ao mau tempo, a vila raiana ficou isolada, visto as estradas circundantes terem sido encerradas, nomeadamente as ligações a Elvas, Badajoz e Santa Eulália. Na EN373, entre Campo Maior e Elvas, ocorreu uma derrocada. No total, foram fechadas mais de 20 estradas no concelho. De acordo com Luís Rosinha, houve "mais de meia centena de inundações".
monforte
Vias colapsaram
A Estrada Municipal (EM) 506, que liga Monforte e a freguesia de Santo Aleixo, no mesmo concelho, ficou cortada ao meio, após o rebentamento de uma conduta, devido ao aumento do caudal de uma linha de água.
Em declarações ao JN, o autarca de Monforte, Gonçalo Lagem, explicou que naquele local "choveu o equivalente a 105 milímetros por metro quadrado, o correspondente ao que chove num ano. Tratou-se de um fenómeno excecional".
Além dessa, também a EN243 e a EM243, que ligam Monforte a Elvas, colapsaram. Segundo Gonçalo Lagem, a reparação destas vias deverá custar "cerca de 400 mil", sendo que o início das obras "só ocorrerá para a semana". Um troço do IP2, perto de Monforte, também esteve cortado por ter ficado submerso, mas reabriu ao final da manhã.
V. N. da Barquinha
Cais submerso
Na madrugada de terça-feira, registaram-se várias inundações no distrito de Santarém. Uma das situações mais alarmantes aconteceu no cais de Tancos, em Vila Nova da Barquinha, que ficou submerso. O mesmo aconteceu no parque de estacionamento de Constância, junto ao rio Zêzere.
Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém, desde a meia-noite de terça-feira que os caudais do Tejo "estão acima dos 2000 metros cúbicos por segundo, constituindo-se como fator de risco muito significativo no galgamento das margens".
Europa
Costa espera por avaliar danos para pedir fundo da UE
O primeiro-ministro garantiu, no Parlamento, que Portugal prevê pedir verbas do Fundo de Solidariedade da União Europeia (UE) devido aos estragos provocados pelo mau tempo, mas ressalvou que tem, primeiro, de contabilizar os danos e ver se o país cumpre os requisitos. "Não é possível sem antes apurar o montante dos danos" e "acionaremos o fundo quando e se estiverem verificados os requisitos", esclareceu António Costa, no debate preparatório do Conselho Europeu desta semana. "Portugal acionou-o sempre que se verificaram os requisitos para o fazer. O primeiro é conhecer os montantes dos danos e isso está já a ser feito", insistiu Costa, explicando, a propósito, que a ministra da Presidência já se reuniu com as autoridades locais das zonas mais afetadas.