Católicos portugueses satisfeitos com abertura do Papa para discutir fim do celibato
A disponibilidade mostrada pelo Papa Francisco para rever o celibato no seio da Igreja Católica foi muito bem recebida pelos católicos portugueses. Numa entrevista dada a um portal argentino para celebrar o 10.º aniversário do seu pontificado - que se assinala na segunda-feira -, o Papa afirmou que "não há nenhuma contradição em que um padre se possa casar".
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"O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporária. Não sei se se resolve de uma forma ou de outra, mas é provisório nesse sentido", disse Francisco, afirmando que esta questão pode ser revista.
"O Papa está a lançar o debate, sabendo que esta questão não será revista no pontificado dele", disse ao JN o padre Fernando Calado, pároco da cidade de Bragança. "O celibato não é um dogma de fé e, por isso pode ser revisto e aceite pelo povo", afirmou. Maria João Sande Lemos, do Movimento Nós Somos Igreja, louva a clareza de Francisco. "É um passo importantíssimo e o Papa está convicto de que é possível mudar", referiu.
"O Papa aprecia o celibato como um grande dom, se for bem vivido, e já disse que não será ele a dispensá-lo", frisou o padre Pedro Gil, do gabinete de imprensa do Opus Dei. E conclui: "Mas quer que todos possam debater livremente". Francisco recordou que, na Igreja Católica, "há sacerdotes casados: todo o rito oriental é casado", e que, no Vaticano, o Papa se cruza com um padre casado e com a sua esposa e filho.
Na entrevista, o Papa reconheceu que "às vezes o celibato pode levar ao machismo" e destacou a necessidade de nomear mais mulheres para cargos de responsabilidade no Vaticano.
Este sábado, voltou a defender o papel das mulheres na sociedade, dizendo que são "o primeiro material descartável" no mundo de hoje: "Não deixemos sem voz as mulheres vítimas de abuso, de exploração, de marginalização e pressão desnecessária", disse.
"A dignidade e os direitos fundamentais de qualquer pessoa têm de ser respeitados: educação, trabalho, liberdade de expressão, e por aí em diante", disse o chefe máximo da igreja católica, citado pela agência italiana de notícias, a ANSA, e apontando que esta necessidade é particularmente válida no caso das mulheres.
"A mulher é usada, pagam menos porque é uma mulher; se está grávida fica sem o emprego, este é um hábito nas grandes cidades, por exemplo na maternidade; é uma praga", lamentou.
Falando nas vésperas da celebração dos 10 anos do seu pontificado, que se assinala na segunda-feira, o Papa Francisco defendeu o papel das mulheres na sociedade: "Não deixemos sem voz as mulheres vítimas de abuso, de exploração, de marginalização e pressão desnecessária", defendeu.
Depois, acrescentou: "Sejamos nós a voz da sua dor e denunciemos fortemente as injustiças a que estão sujeitas, muitas vezes em contextos que as privam de qualquer possibilidade de defesa ou redenção".