Até agora remetido ao silêncio no que a questões políticas e sociais diz respeito, o ex-presidente da República apelou, esta sexta-feira, ao voto contra a morte medicamente assistida, numa altura em que o tema está em debate no Parlamento.
Corpo do artigo
"Estando em causa a defesa do primado da vida humana, entendi que devia fazer uso das duas armas que me restam como cidadão: a minha voz, não ficando calado, e o meu direito de voto na escolha dos deputados nas próximas eleições legislativas", começou por dizer Cavaco Silva, em entrevista à Rádio Renascença, reiterando que, nas eleições legislativas de 2019, não vai "votar nos partidos que apoiarem a legalização da eutanásia".
Para o social-democrata, a "legalização da eutanásia" é "a decisão mais grave para a sociedade portuguesa que a Assembleia da República pode tomar". Considerando-a "uma votação com tais consequências para a sociedade portuguesa", Cavaco apela aos cidadãos que não se esqueçam do que "os deputados fizerem agora".
"O que está em causa é a vida humana, o bem mais precioso de cada individuo", afirmou. "Como podem os deputados ignorar o parecer dos profissionais de saúde, os enfermeiros e os médicos que lidam com a vida e com a morte? Como podem ignorar o parecer do conselho nacional de ética para as ciências da vida? Como podem os deputados ignorar a posição das várias religiões em que os portugueses se reveem e que se juntaram para condenar a legalização da eutanásia?", questionou o também antigo primeiro-ministro.
A legalização da eutanásia será discutida no Parlamento na próxima terça-feira. Vão estar em debate projetos do Bloco de Esquerda, do PAN, dos Verdes e do PS.