O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, disse, esta segunda-feira, ter sido um privilégio e uma honra ter servido Portugal nos últimos dez anos, reiterando que sempre agiu de acordo com "o superior interesse nacional".
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"Foi para mim um enorme privilégio servir Portugal e os portugueses ao longo destes dez anos tão cheios de desafios. Senti-me, em cada dia, profundamente honrado pela confiança que os portugueses depositaram em mim quando me escolheram para Presidente da República. Estou, a todos eles, profundamente grato", afirmou o chefe de Estado, numa cerimónia na Câmara de Cascais.
Sublinhando que procurou corresponder a essa confiança agindo "sempre em consciência", de acordo com o superior interesse nacional, no cumprimento da Constituição, Cavaco assegurou que não olhou a outro critério que "não o da procura de um futuro melhor para as novas gerações".
"Muito para além dos ciclos políticos e da conjuntura, sou testemunha de que há um país que não desiste e de que há um povo que honra as vitórias, as conquistas e as descobertas que ilustram a nossa História", frisou.
Cavaco Silva, que termina o mandato como presidente da República na quarta-feira, disse ainda que sai de Belém com "redobrada certeza da garra e da mestria dos portugueses" e com a mesma fé num futuro de maior coesão e justiça social e a mesma esperança no cumprimento do desígnio que sempre o norteou.
"Conseguirmos, todos em conjunto, assegurar a construção de um Portugal maior", declarou Cavaco Silva, que, em 2006, utilizou precisamente a expressão "Portugal maior" como um dos seus slogans de campanha.
À saída, o presidente da República parou breves segundos junto à comunicação social que o aguardava, revelando apenas que está neste momento a "arrumar os papéis".
Antes, na cerimónia em que recebeu as chaves da vila de Cascais e lhe foi atribuído o título de "cidadão honorário do município", Cavaco Silva ouviu rasgados elogios do presidente da autarquia, Carlos Carreiras, que lembrou as "maiorias robustas e vitórias inequívocas" que o Presidente da República e ex-primeiro-ministro alcançou no concelho.
"O futuro encarregar-se-á de escrever a história e encontrar um lugar para todos nós. Sem fervores políticos nem ressabiamento ideológico", vincou Carlos Carreiras, referindo-se a Cavaco Silva como um homem com "um sentido de estado inabalável" e de "um patriotismo total e convicções inegociáveis".
Recordando que Sá Carneiro tinha como único objetivo "fazer de Portugal um país normal", o presidente da Câmara de Cascais lembrou como também Cavaco Silva sinalizou a importância crucial da normalidade.
Não só, disse, da normalidade do funcionamento das instituições, em relação à qual foi "garante absoluto e transparente", mas também da normalidade económica, financeira e social, prevendo estarem a ser postas em causa por "ilusões".
"Com o presidente Aníbal Cavaco Silva não houve forças de bloqueio no Palácio de Belém. Não houve demissões de Governos. Nem bombas atómicas constitucionais. Houve estabilidade, previsibilidade e normalidade", resumiu.