O CDS-PP manifestou-se disponível para prosseguir negociações com os socialistas, mas não encenações, e criticou o comportamento da porta-voz do Bloco de Esquerda e do secretário-geral do PS face ao resultado das legislativas.
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Na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, onde o CDS-PP foi recebido a propósito da reunião do Conselho Europeu desta quinta-feira, o eurodeputado e dirigente centrista Nuno Melo acusou a porta-voz do BE, Catarina Martins, de ter insultado os eleitores que votaram na coligação Portugal à Frente, sem a nomear.
"Não é normal, por exemplo, que uma representante de um partido à esquerda do PS que representa 10,2% dos votos insulte mais de dois milhões de portugueses dizendo, à saída de uma reunião com o PS, e perto do doutor António Costa, que o Governo do doutor Pedro Passos Coelho e do doutor Paulo Portas acabou", considerou Nuno Melo, em declarações aos jornalistas.
"Como não é normal e revela muito que o doutor António Costa secretário-geral do PS, que se convenceu que venceu eleições, mas não venceu, perante isso fique calado, quando em simultâneo, supostamente, estaria a conversar com os partidos à sua direita, com o PSD e com o CDS-PP", acrescentou.
Ainda relativamente ao comportamento do secretário-geral do PS, o vice-presidente do CDS-PP disse: "A coligação não teve uma maioria absoluta, mas venceu as eleições. Não é normal ter o doutor António Costa a comportar-se como se as tivesse vencido, numa expectativa de que teria já sido indigitado primeiro-ministro, uma coisa que não foi".
"Quem ganhou as eleições foi a coligação [PSD/CDS-PP], não foi o PS", afirmou.
Antes, Nuno Melo declarou que PSD e CDS-PP não puseram "fim a nenhumas negociações" com o PS, mas não estão disponíveis para "perpetuar encenações".
O dirigente centrista exigiu dos socialistas que "se comportem de boa-fé" e apresentem propostas e esclareçam as suas condições para chegar a um acordo político com PSD e CDS-PP.
Em relação à agenda do Conselho Europeu, que inclui a questão dos refugiados, Nuno Melo manifestou-se a favor do acolhimento "com eficácia" das pessoas que fogem de situações de guerra.
Porém, defendeu que é preciso distinguir os refugiados das pessoas que procuram chegar ao espaço da União Europeia "por razões meramente económicas".