Quatro dias depois do repto de Francisco Rodrigues dos Santos a Rui Rio, no encerramento do congresso do PSD, os dois líderes partidários reúnem-se esta quinta-feira na São Caetano à Lapa, com vista a acertar estratégias comuns, a começar por eventuais coligações autárquicas.
Corpo do artigo
Ao contrário da ambição de liderar a Direita expressa pela anterior presidente Assunção Cristas - que agitou as relações entre os dois antigos parceiros de coligação -, o novo líder do CDS tem uma posição de maior aproximação e quer despachar até ao fim do verão a agenda para as eleições de 2021. Nas últimas, concorreram juntos em 101 câmaras - só ganharam 19.
"Parceiros naturais"
Os centristas mereceram honras no discurso de encerramento de Rui Rio, na reunião magna do PSD em Viana do Castelo, tendo Francisco Rodrigues dos Santos visto nas palavras do líder social-democrata as "condições para que seja criada esta plataforma de entendimento". O recém-eleito presidente do CDS colocou como fasquia ganhar "o maior número de câmaras ao PS" com os sociais-democratas.
Se em 2018, findo o congresso, Rio deixou Cristas para depois de um primeiro encontro com António Costa, agora a reaproximação ao Largo do Caldas parece fazer parte da agenda.
Segundo Fernando Barbosa, coordenador autárquico centrista, o encontro de hoje serve para "perceber o que o PSD pretende, já que o CDS considera ser de todo o interesse que haja coligações".
"Rejeitamos ser "barrigas de aluguer" do PSD. Queremos juntar esforços para ter mais câmaras do que o PS. Gostaríamos que esse processo estivesse negociado até ao fim do verão", assegurou ao JN o dirigente, que também é presidente da Distrital do Porto.
Também o social-democrata Alberto Machado reconhece que "os centristas são parceiros naturais em eventuais coligações". "Estou confiante de que que haja uma estratégia conjunta em breve, independentemente dos lugares ou das caras", admitiu o líder da Distrital do PSD/Porto.
Afastada união em Lisboa
Lisboa será um dos municípios cuja negociação pode ser árdua. Fontes ligadas à Distrital do PSD admitiram que uma candidatura comum com o CDS será "muito difícil de acontecer".
Juntas, e com outros pequenos partidos como o PPM, as duas forças correram em 101 câmaras, em 2017 [ver ao lado infografia]. Conseguiram conquistar 19, entre as quais Vieira do Minho, Cascais ou Amarante. Sozinhos, em relação a 2013, o PSD perdeu sete câmaras, o CDS até ganhou uma. Nas freguesias, juntos conquistaram 329. Sozinhos e com pequenos partidos, entre as 3091 freguesias, o PSD venceu em 840 e o CDS em 57.