CDU desvaloriza sondagens positivas, mas admite que "está a afastar o preconceito"
Algo está a mudar na consciência dos portugueses em relação à CDU. Jerónimo de Sousa desvaloriza as últimas sondagens da Pitagórica para o JN que dão 7,8% dos votos à coligação, mas considera que "é natural que a CDU esteja a crescer".
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O secretário-geral do PCP é cauteloso e adverte: "não é correto gostar das [sondagens] que são boas e não gostar das que são más". No entanto, admite que a CDU "esteja a crescer" e a conseguir fazer com que os eleitores "ultrapassem o preconceito" em relação aos comunistas.
Após as últimas sondagens da Pitagórica para o JN, TSF e TVI, que dão à CDU 7,8% dos votos, Jerónimo de Sousa considerou que há muitas pessoas indecisas e que é por aí que a coligação tem de avançar. "Ainda há pessoas que hesitam, que se interrogam e que podem ser ganhas para o voto e para o voto na CDU com a consciência, não só por aquilo que fizemos, mas por aquilo que propomos nesta perspetiva de um Portugal melhor, mais desenvolvido, com mais justiça social, com mais progresso", afirmou esta terça-feira, após uma visita ao ATL e à creche da Associação Popular de Sobral de Monte Agraço, no distrito de Lisboa.
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No contacto com a população, o líder comunista tem sentido muitas "manifestações de simpatia", mas lembra que embora "muito agradáveis", não "significam votos". Ainda assim, Jerónimo de Sousa acredita que o PCP e a CDU estão a conseguir "afastar o obstáculo" do preconceito. "Havia muitas pessoas que se identificavam e identificam totalmente com a nossa proposta, a nossa intervenção, os seus conteúdos, mas depois havia ali uma barreira muito ténue que nos condicionava. O que vemos hoje é muita gente a libertar-se".
"Estamos a conseguir ultrapassar o preconceito, talvez não seja ainda suficiente, mas para lá caminharemos", afirmou convicto. Jerónimo de Sousa reiterou o objetivo máximo da CDU, defender os interesses do povo e dos trabalhadores, e no dia em que as alterações à legislação laboral entram em vigor, lembrou que é uma "derrota do Partido Socialista".
CDU quer creches gratuitas dos 0 aos 3 anos
De volta ao distrito de Lisboa, a primeira paragem da caravana da CDU, esta terça-feira, foi na Associação Popular de Sobral de Monte Agraço.
As gargalhadas e o burburinho das crianças alegraram Jerónimo de Sousa, que se sentou nas pequeninas cadeiras da creche e brincou com os mais novos. De sorriso constante nos lábios, o secretário-geral do PCP visitou os diferentes espaços coloridos da IPSS e conheceu a realidade daquela associação com 300 crianças.
A visita serviu para defender uma das "medidas urgentes" propostas pela CDU: a implementação de uma rede pública que garanta creches gratuitas para todas as crianças dos 0 aos 3 anos. "É um privilégio para as crianças e as crianças devem ser privilegiadas", sustentou Jerónimo de Sousa, que vê a medida como uma oportunidade para facilitar a vida dos pais no mercado de trabalho, mas alerta que não pode ser transformada num negócio.
Questionado pelos jornalistas sobre o investimento, o secretário-geral do PCP não adiantou números, mas deixou um apontamento ao ministro Mário Centeno. "Se for do ponto de vista do Ministério da Finanças, acredito que esteja a medir os custos, se for do nosso ponto de vista e do ponto de vista social, é um grande investimento que se refletirá positivamente no futuro".