Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil vai fazer análise autónoma aos incêndios
O Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC) vai avançar com "uma iniciativa autónoma de reflexão e análise" aos fogos rurais deste ano. Em comunicado, aquela entidade, presidida por Duarte Caldeira, ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, adianta que se vai basear em "evidências (provas) identificadas e lições a aprender quanto à gestão política, decisão operacional estratégica e elaboração de propostas de melhoria".
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O CEIPC, que se deslocou à serra da Estrela, Vila Real e Ourém para observar o impacto dos fogos, diz ter recolhido também informação junto de autarcas, população e bombeiros.
Agora vai criar um grupo de missão, integrado por personalidades associadas ao CEIPC e por Duarte Caldeira, que integrou a comissão técnica independente que analisou os incêndios de 2017. Será solicitada, também, a colaboração da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, GNR, câmaras municipais afetadas e Liga dos Bombeiros Portugueses.
O documento estará concluído até ao final de outubro e será divulgado em novembro.
Lógica de interpares
No comunicado é questionado o anúncio feito pelo Governo sobre a atribuição da análise dos principais incêndios deste ano a uma subcomissão da Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que integra a orgânica da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, (AGIF).
"A referida subcomissão será apoiada por um painel de peritos. Para o desempenho da sua missão esta subcomissão utilizará o método de lições aprendidas, de acordo com o modelo NATO. Naturalmente que o Estado tem toda a liberdade de se organizar como entende, não se pondo em causa o critério utilizado para avaliar a mais grave vaga de incêndios que ocorreu no país desde 2017. Porém é natural que este exercício seja feito numa lógica de interpares", refere.
Já em maio, após uma visita de elementos do CEIPC a várias zonas do país, o centro constatou que "era crítico o risco de incêndio rural em vários municípios" e alertou para "o despropósito de múltiplas declarações triunfalistas, assumidas por governantes e responsáveis de organismos do Estado, quanto ao sucesso das medidas políticas entretanto aprovadas e em fase de execução".