"Trabalho, Pobreza e Desigualdades" foi o tema dos "Diálogos sobre a pobreza", que decorreram este sábado em Aveiro
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Apesar de a população desempregada ser a que tem maior risco de ser pobre, o certo é que cerca de metade das pessoas que estão risco de pobreza, em Portugal, encontra-se a trabalhar. Os dados, baseados nos rendimentos de 2019, foram divulgados, este sábado, pela Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal, no seminário "Trabalho, Pobreza e Desigualdades", que teve lugar na Universidade de Aveiro.
"Em Portugal, a pobreza anda de mãos dadas com baixos salários e baixos rendimentos de trabalho", explicou Elizabeth Santos, socióloga que elaborou o documento que esteve em debate em mais uma sessão dos "Debates sobre a pobreza". "Se olharmos para a população em risco de pobreza com idade entre os 18 e os 64 anos, verificamos que, segundo os rendimentos de 2019, 46,5% estava a trabalhar, 1,2% eram trabalhadores por conta de outrem e 15% eram outros trabalhadores", adiantou a investigadora.
Mais gente a receber o mínimo
As conclusões da EAPN mostram, também, que, apesar de o salário mínimo ter aumentado nos últimos anos - o que se traduziu numa melhoria da vida dos trabalhadores e em alguma redução de desigualdades salariais -, essa subida "não alavancou as remunerações dos restantes trabalhadores, que eram igualmente baixas". "A proporção de trabalhadores por conta de outrem que auferem a Remuneração Mensal Mínima Garantida passou de 14,9%, em 2010, para 21%, em 2019", referiu Elizabeth Santos.
Para a EAPN, uma das maiores preocupações é, por exemplo, co facto de a precariedade no mercado de trabalho levar a uma proteção social desadequada. Prova disso é que, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2020, "apenas 35.7% da população desempregada à procura de novo emprego estava a receber subsídio de desemprego".
Segurança Social atinge máximos
Governo acredita que está "no rumo certo" para combater a pobreza. A garantia foi deixada por Henrique Joaquim, que esteve presente no seminário em representação da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. "Temos alguns indicadores que nos mostram que o rumo escolhido é o adequado. Em 2021, atingimos o máximo de trabalhadores com remuneração declarada à Segurança Social. Cerca de 4,7 milhões de trabalhadores declararam rendimentos, o que é mais um milhão do que nos últimos 10 anos", afiançou Henrique Joaquim.
O representante do Governo adiantou, ainda, que, dos trabalhadores a declarar rendimentos, "470 mil são trabalhadores estrangeiros, quando, há 10 anos, eram apenas 190 mil". Em 2021, o país atingiu, também, o máximo do valor declarado em salários, "cerca de 57 milhões de euros".