O secretário-geral da CGTP desafiou o Governo a criar um programa "Simplex" no combate à precariedade nos vínculos laborais.
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No seu discurso, no final da manifestação deste sábado em Lisboa, que partiu da rotunda do Marquês de Pombal e terminou nos Restauradores, Arménio Carlos defendeu que é preciso ir "à luta para combater a precariedade dos vínculos laborais no setor privado, na administração pública e no setor empresarial do Estado".
"Na administração pública e no setor empresarial do Estado este objetivo só será atingido se for agilizado o processo de regularização dos vínculos laborais", defendeu o líder sindical.
Valorizamos o que foi feito. Mas, um ano e meio depois, o tempo passa e persistem as desigualdades
Acrescentou que é "fundamental" simplificar o processo em que a cada posto permanente de trabalho corresponde um vínculo efetivo, "para dar celeridade ao processo e às expectativas dos trabalhadores".
"Também aqui é preciso introduzir o 'Simplex' para que, sem demoras inúteis, seja reposta a justiça e a legalidade e se devolva a dignidade e as condições de trabalho que os trabalhadores merecem", sugeriu Arménio Carlos.
Nesse sentido, desafiou todos os trabalhadores a irem à luta "para tornar possível aquilo que parecia impossível", apontando que foi isso que aconteceu com "milhares de trabalhadores que tinham vínculo precário e foram integrados nos quadros das empresas".
Por outro lado, Arménio Carlos disse que a CGTP não esqueceu os sacrifícios que foram impostos aos portugueses durante todo o período de vigência da troika e de como a "luta organizada e persistente" fez "cair a tese das inevitabilidades e da política de sentido único".
"Valorizamos, por isso, o que foi feito. Mas, um ano e meio depois, o tempo passa, persistem as desigualdades e a pobreza laboral, as dificuldades da vida dos trabalhadores e das suas famílias foram minimizadas, mas não ultrapassadas", denunciou.
Governo não se pode acomodar face aos dados e indicadores económicos
Apontou que o "Governo não se pode acomodar face aos dados e indicadores económicos" e pediu ao executivo de António Costa para não se esquecer que foi a "vontade soberana de um povo que levou a luta até ao voto para exigir a rutura com a política de exploração e empobrecimento".
Defendeu, por outro lado, que "este é o tempo certo" para o Governo ouvir os trabalhadores quando está em preparação o próximo Orçamento do Estado, exigindo que centre as suas atenções "na resposta imediata aos problemas mais sentidos pelos trabalhadores e pelas populações".
Do alto do palco montado na praça dos Restauradores, o líder da CGTP aproveitou para lembrar o Governo que "tem uma oportunidade única para, nos dois anos que faltam até ao final da legislatura, calendarizar a discussão e a resolução de um conjunto de problemas nas áreas laboral e social que justificam e exigem respostas urgentes".