Marcelo diz que Moedas tem "responsabilidade política" mas demissão não faz sentido
O presidente da República afirmou este domingo que o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, tem "responsabilidade política" sobre o mortal acidente no elevador da Glória, mas considera que não faz sentido falar em demissão a um mês de eleições.
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"Estar a debater a responsabilidade política e dizer que isso implica demissão quando se está a um mês de eleição é não perceber que o juízo sobre a responsabilidade política em cargos eletivos é dos eleitores", realçou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações às televisões, à saída do cemitério do Alto de São João, após o funeral de uma das vítimas mortais do descarrilamento de quarta-feira.
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Mas "responsabilidade política há", vincou, porque "quem quer que exerça um cargo político é politicamente responsável", assinalou o chefe de Estado.
"Quem está à frente de uma instituição pública (...) está sujeito a um juízo político por aquilo que aconteça de menos bem nessa instituição, mesmo que sem culpa nenhuma mesmo que em intervenção nenhuma", clarificou.
"O problema é saber como é que se efetiva a responsabilidade" e, para isso "é preciso ter o relatório completo", disse, sublinhando, porém, que "ela [a responsabilidade] existe por principio".
Porém, realçou, "quem está em cargos de eleição responde perante os eleitores" e os de Lisboa estão "muito próximo da oportunidade de (...) se manifestarem", nas eleições autárquicas de 12 de outubro.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que houve "casos mais graves" a nível autárquico em que o eleitorado manteve a confiança nas lideranças políticas.
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Simultaneamente, lembrou que, no caso dos incêndios em Pedrógão Grande, em 2017, entendeu que não se justificava a exoneração do Governo, ainda que tenha dito que não se recandidataria a Presidente se "aquele número de mortos e feridos" se voltasse a repetir.
Estas declarações levaram uma jornalista a questioná-lo sobre se estava "a passar uma mensagem" ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
"Não estou a passar mensagem nenhuma, porque os casos são diferentes", descartou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda compreender que o presidente da Carris tenha posto o lugar à disposição e considera que Carlos Moedas "fez bem" em não a aceitar, nesta fase.
Porém, é importante "a responsabilidade objetiva não morrer solteira", ainda que "aparentemente não há culpa específica de ninguém" no acidente com o elevador da Glória, que causou 16 mortos e 22 feridos.
"Isso é que não pode acontecer. Se não onde é que paramos? Quantos mortos são necessários para haver responsabilidade?", rematou, terminando assim as declarações aos jornalistas.