O 1.º de Maio voltou a ser celebrado sem restrições, pela primeira vez desde o início da pandemia. As reivindicações do BE e do PCP ouvidas durante a discussão do Orçamento do Estado (OE) saltaram para as ruas. A CGTP elevou a fasquia e exigiu o aumento do salário mínimo nacional para 800€ a partir de 1 de julho deste ano (atualmente são 705 euros).
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Presente na manifestação da Alameda, em Lisboa, o secretário-geral adjunto do PS, João Torres, disse que o PS está "comprometido com a valorização do trabalho" e manifestou-se confiante de que "haverá muitos pontos de vista convergentes". Os antigos parceiros da geringonça insistem no aumento dos salários para combater a inflação e prometem lutar para incluir mais medidas no OE durante o debate na especialidade.
No discurso de encerramento das celebrações, a secretária-geral da CGTP-IN admitiu que pode ser necessário reforçar a mobilização de trabalhadores nas ruas para lutar pelos aumentos.
Mobilização impõe-se
"Vai, eventualmente, ser necessário que a mobilização aumente. Mas isso depende dos trabalhadores e da resposta que haja, ou não, aos problemas que eles defendem", disse Isabel Camarinha ao JN. Com a subida generalizada dos preços, "ainda mais se impõe a mobilização dos trabalhadores (...) para exigirem que haja resposta", acrescentou.
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A assistir ao discurso estavam milhares de pessoas que subiram a avenida Almirante Reis e encheram o jardim da Alameda para ouvir Camarinha exigir mais direitos para os trabalhadores, as 35 horas e uma mudança de rumo nas políticas.
Ao JN, a líder sindical defendeu que é necessário "alterar as opções que o país tem vindo a seguir e caminhar para um país desenvolvido, com progresso e justiça social. Ora, isso não se faz com contas certas à custa das condições de vida e de trabalho". Para Camarinha, a "situação extraordinária" que Portugal atravessa exige "medidas extraordinárias". O aumento dos salários "já era urgente, agora a urgência ainda se tornou mais evidente", defendeu.
BE e PCP ao ataque
Aos jornalistas, antes do início da marcha, Catarina Martins (BE) lamentou que o Governo tente ser "o único que acha que tem de cumprir a meta do défice" e voltou a insistir no aumento dos salários.
Jerónimo de Sousa, presença assídua nas celebrações do 1.º de maio, também apontou baterias ao Governo. O secretário-geral do PCP antecipou dificuldades em incluir mais medidas no OE, que é o mesmo que o PS "tinha levado às eleições".
Confrontado com as declarações de Catarina Martins relativamente ao fim do "parêntesis aberto com a geringonça", Jerónimo disse que "não foi nenhuma surpresa" pois o Governo tinha como objetivo alcançar a maioria absoluta.
O primeiro-ministro, António Costa, também assinalou a data. "Festejamos hoje o Dia do Trabalhador. Porque valorizamos o trabalho e ambicionamos uma sociedade mais justa, vamos adotar a Agenda do Trabalho Digno e prosseguir o objetivo de reforço do peso dos salários no PIB para a média europeia", escreveu no Twitter, o que levou Rui Rio a acusá-lo de estagnação.
No Porto, as comemorações decorreram na Avenida dos Aliados, onde os manifestantes também reclamaram o aumento dos salários.