O partido Chega divulgou, nas redes sociais, um documento que contém as "orientações importantes para a campanha autárquica", no qual aconselha os candidatos do partido a aproximarem-se dos professores e educadores, que considera "eleitoralmente decisivos".
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O documento elaborado pelo vice-presidente do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro, contém os sete princípios para ter sucesso nas eleições autárquicas. É uma espécie de guia que indica os temas que os candidatos devem abordar, que discursos devem adotar e quais os estratos populacionais a que devem dar destaque na campanha.
No ponto 4, o guia aconselha os candidatos a considerarem os educadores e professores como "a chave do bom desempenho eleitoral". Estes profissionais estão "entre os mais numerosos e influentes do país", por isso "são eleitoralmente decisivos a nível autárquico e a nível nacional", justifica o partido, que apela diretamente: "Aproxime-se dos educadores e dos professores do seu concelho".
Os candidatos são ainda aconselhados a oferecer aos membros das comunidades escolares o guia do Chega para a reforma do ensino básico e secundário, ou pelo menos "tentar que o mesmo seja encaminhado por email aos educadores e professores, contactando previamente as direções das escolas para se obter a respetiva autorização".
No primeiro ponto do guia do Chega lê-se de forma explícita que "quanto mais socialmente significativos ou numerosos forem os grupos socioprofissionais, melhor". São dados exemplos como os pensionistas, bombeiros, polícias, profissionais do setor agrícola, profissionais da saúde ou da justiça, taxistas e camionistas, mas ressalva-se que "o objetivo não é ter em conta todos os exemplos referidos, antes selecionar apenas alguns".
Ou seja, o Chega distingue entre o que chama de "acessório (a comunidade ou sociedade no seu conjunto, o campo eleitoral disputado por todas as forças candidatas) e o essencial (um conjunto restrito de grupos socioprofissionais, o campo eleitoral no qual o Chega pode obter vantagens específicas em relação às demais candidaturas".
Os candidatos são ainda aconselhados a associarem as candidaturas aos temas nacionais: "O apoio eleitoral no seu concelho ou freguesia à sua candidatura depende da rentabilização da força política conquistada, a nível nacional, pelo presidente do Chega, André Ventura". Assim, as candidaturas devem "defender eleitoralmente o primado moral da autorresponsabilidade (de matriz judaico-cristã e greco-romana) contra a vitimização das minorias (de matriz soviética), e contra a vitimização social em geral".
Outro dos conselhos, no ponto três, é a rutura com a atual geração de autarcas, que o partido considera "falhada".
Mostrar empatia pelos cristãos
No ponto cinco, os candidatos são aconselhados a colocar a família "no âmago da vida social", através de propostas concretas como a realização da Festa Anual da Família ou de aproximações às comunidades cristãs: "A sua candidatura pode manifestar publicamente empatia pelas comunidades religiosas cristãs, em geral desvalorizadas pelo regime, desde que não comprometa o Chega com nenhuma confissão religiosa em particular, nem desrespeite o princípio da separação entre o Estado e a Igreja, ou entre a Razão e a Fé". A valorização da identidade e das tradições históricas dos respetivos concelhos também consta do guia.
O documento não só aconselha os autarcas sobre o que fazer, como também aponta caminhos que não devem seguir. As questões associadas à gestão municipal corrente (saneamento, recolha de resíduos, arruamentos, qualidade do abastecimento de água e eletricidade, estacionamento), a captação de investimento e a proteção ambiental são "matérias por norma vantajosas para os candidatos e forças políticas do regime vigente".