Chega anuncia voto contra um Orçamento que "tira com uma mão e dá com a outra"
O presidente do Chega anunciou, esta terça-feira, que o partido irá votar contra o Orçamento do Estado (OE) na generalidade. André Ventura descreveu o documento como uma "fraude" e "um logro", acusando o Governo de pagar o IRS Jovem com mais impostos indiretos e sobre os combustíveis.
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"Não é o nosso Orçamento, não nos revemos nele", afirmou Ventura, na sede do Chega, em Lisboa. "O Chega votará contra o OE de 2025", acrescentou, reforçando que se trata de um voto "irrevogável" e que "assinala a enorme traição cometida à Direita pelo primeiro-ministro".
Caso o partido confirme este sentido de voto no dia 31 de outubro (data da votação na generalidade), a aprovação do OE ficará definitivamente dependente do PS. Para que o documento passe, os socialistas terão de se abster.
Ventura considerou que o OE é "de continuidade" e que "tira com uma mão e dá com a outra", em linha com "o pior que o PS fez". Lembrando que, em 2023, o atual primeiro-ministro descreveu o OE socialista como um exercício de "perversidade" e "maquilhagem", também ele utilizou essas expressões para caracterizar este primeiro Orçamento da AD. Acusou ainda Montenegro de "mentir" quando diz que este OE desagrava os impostos.
"Este OE paga a descida dos impostos sobre o rendimento com os impostos sobre o consumo e sobre os combustíveis", afirmou Ventura. "Por isso, ele é uma fraude e um logro fiscal", acrescentou, falando ainda num "artifício de conforto" e acusando o Executivo de se comportar "como a Esquerda".
Ventura frisou que, em 2025, a receita fiscal aumentará 3,7%, para "valores históricos" em torno dos 63 mil milhões de euros. Aludindo a receitas de ISP na ordem dos 4,198 mil milhões de euros (mais 753 milhões do que em 2024), falou num "encargo brutal sobre as famílias" e repetiu acusações de "traição à Direita", frisando que tal "nunca seria possivel" caso existisse um "acordo alargado" entre PSD e Chega.
O líder do Chega criticou também o aumento de 21,9% da taxa de carbono. "O Governo quer dar em IRS o que vai buscar às bombas de gasolina", referiu, lamentando ainda que o adicional do IUC se mantenha neste Orçamento.
Sobre as alegadas reuniões com o primeiro-ministro no âmbito do OE, Ventura insistiu que se encontrou cinco vezes com Luís Montenegro, desafiando-o a desmentir essa informação.