Reunião magna começa esta sexta-feira em Santarém mas há um pedido de impugnação contra o método de eleição dos delegados, que são todos afetos a Ventura.
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A V Convenção Nacional do Chega só vai ter delegados afetos à Direção de André Ventura. A reunião magna dos militantes do Chega começa hoje e prolonga-se até domingo em Santarém, mas fica já marcada por críticas à mudança do método de eleição de delegados. A alteração às regras deixou de fora todos os críticos de Ventura e há um pedido de impugnação.
Até domingo, são esperados 600 delegados para a Convenção do Chega, a reunião magna em jeito de congresso do partido. Pela primeira vez, não foram eleitos congressistas de listas contrárias à Direção de André Ventura. Tudo porque a eleição dos delegados em cada distrito deixou de se fazer pelo método de Hondt, como era tradição até agora, e passou a ser por maioria simples, em que a lista vencedora elege todos e a perdedora não elege ninguém.
A mudança do método ocorreu no Conselho Nacional de 10 de dezembro. Por larga maioria, este órgão composto maioritariamente por conselheiros afetos a Ventura mudou o método de eleição. O JN questionou o partido sobre o motivo para a alteração, mas não obteve resposta.
"não acho democrático"
Com o novo método, as cinco listas que não tinham apoio direto da Direção de Ventura (Leiria, Évora, Coimbra, Braga e Aveiro) não elegeram qualquer delegado. Em Braga, por exemplo, pelo método de Hondt, a lista derrotada do vereador de Vila Verde, Fernando Feitor, inscreveria pelo menos 13 congressistas. Assim ficam todos de fora. "Não sou a favor desse método eleitoral. Com os votos que tive, tinha direito a eleger sempre alguém e desta vez nem eu vou, não acho democrático", admite Fernando Feitor, ao JN.
O único opositor interno com assento na Convenção é Nuno Afonso, dado que ainda é vogal da Direção. Ao JN, afirma que "as irregularidades são imensas, esta Convenção não tem qualquer legitimidade e vai ser tudo repetido mais uma vez". Nuno Afonso é militante número dois e acusa Ventura de ter "o congresso todo controlado e blindado de forma pouco democrática". Por isso, não quer participar: "Não vou. O André vetou completamente a hipótese de ter oposição".
Inicialmente, a Convenção foi marcada para aprovar novos estatutos após o chumbo do Tribunal Constitucional, mas será apenas eletiva.
O JN sabe que Fernanda Marques Lopes, militante número três e próxima de Nuno Afonso, já entregou um pedido de impugnação do Conselho Nacional de 10 de dezembro em que foi decidido o método eleitoral dos delegados à Convenção. O pedido de impugnação está no Conselho de Jurisdição Nacional do partido, que não decidirá antes da Convenção se realizar.
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Estatutos mantêm-se
Inicialmente, André Ventura marcou a V Convenção para alterar os estatutos que foram chumbados pelo Tribunal Constitucional. No entanto, este fim de semana não serão aprovados novos estatutos e o Chega continuará a reger-se pela versão de 2019 onde não constam órgãos como a Juventude Chega, o secretário-geral ou a Comissão de Ética.
Candidato único
A V Convenção servirá para reeleger amanhã André Ventura, candidato único à Direção, e no domingo os restantes órgãos nacionais como a restante Direção ou o Conselho Nacional.
Vox e Fidesz falam
São vários os partidos da extrema-direita europeia que vão discursar domingo. Entre os convidados estão representantes do Vox (Espanha), Fidesz (Hungria), AfD (Alemanha), AUR (Roménia), SME Rodina (Eslováquia), Vlaams Belang (Bélgica), PVV (Países Baixos) e Rassemblement National (França).
600
A V Convenção do Chega realiza-se em Santarém e tem 600 delegados inscritos, oriundos de todos os distritos de Portugal.

