Primeiro frente a frente para as europeias foi cordato, mas a AD responsabilizou o PS pela crise migratória. Só os socialistas dão apoio a António Costa para Conselho Europeu.
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O cabeça de lista da AD às europeias, Sebastião Bugalho, acusou hoje o PS de ter entregado a política de imigração do país “a redes de tráfico humano”. Este foi o momento mais tenso de um debate em geral cordato, mas no qual a candidata n.º 1 socialista, Marta Temido, também ergueu a voz para sustentar que o Partido Popular Europeu (PPE, que integra a AD) prefere gastar recursos em despesas militares em prejuízo da habitação. Os quatro candidatos - além dos já citados, também estiveram presentes João Cotrim de Figueiredo (IL) e Francisco Paupério (Livre) - concordaram que a União Europeia (UE) deve investir na defesa.
Tanto o candidato da AD como o da IL centraram as críticas na cabeça de lista do PS, mantendo um tom cordial. O tema em que houve maior convergência entre foi o do alargamento da UE, ao qual todos são favoráveis - para incluir a Ucrânia e não só.
Quanto ao apoio a uma eventual candidatura de António Costa para líder do Conselho Europeu, Temido foi naturalmente favorável, ao passo que Bugalho deu a entender que não se opõe, mas desvalorizou o tema. Cotrim disse que apoiar alguém só por ser português “tem laivozinhos xenófobos” e Paupério evitou comentar.
Unânimes na mudança
Todos concordaram que é preciso agir em matéria de imigração, embora com diagnósticos diferentes. Paupério lembrou que os Verdes europeus se opuseram ao Pacto para as Migrações e Asilo, lamentando que este permita “prender crianças e separar famílias” e referindo seria melhor que não tivesse existido.
Confrontada com o facto de o PS ter votado a favor do pacto - visto por alguns como uma cedência do Centro à extrema-direita -, Temido respondeu que se tratou do “compromisso possível” entre forças diferentes. Considerou-o um “avanço” mas admitiu “fragilidades”, prometendo um acompanhamento “cuidado” da situação.
Sebastião Bugalho disse que uma das “limitações” do pacto é permitir que um país rico evite acolher migrantes se pagar para que estados-membros periféricos o façam por ele. Direcionando a resposta para a realidade nacional, frisou que há 400 mil imigrantes em Portugal com processos pendentes e atirou: “O PS entregou a política de imigração a redes de tráfico humano”. Cotrim Figueiredo disse ser preciso acabar com o “tabu” de debater imigração e lamentou a extinção do SEF: “Uma enorme irresponsabilidade”.
Temido ataca Bugalho
Em matéria de defesa, Bugalho sustentou que a UE deve tornar-se no “pilar europeu da NATO”. Adiantou que a emissão de “defence bonds” (títulos de dívida para financiar o investimento militar) pode ser uma boa opção para evitar “escolher entre tanques e hospitais”.
Esta resposta levou Temido a dizer-se “muito preocupada”. Frisando que as “defence bonds” são “uma forma de mutualização da dívida”, acusou o PPE de admitir usar o mecanismo para a defesa mas não para financiar, por exemplo, políticas de habitação. O próximo debate é amanhã, entre Chega, BE, Livre e PAN.