O Opus Dei sinalizou cinco casos de abusos sexuais nas suas estruturas em Portugal mas os alegados abusadores já não trabalham na organização e um sacerdote não foi identificado. Colégio Planalto pede ajuda a antigos alunos.<br/>
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Na sequência do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal, a prelatura do Opus Dei pediu mais informações e constatou que das denúncias efetuadas visando a organização, eram respeitantes a um padre que "não foi possível identificar", a dois professores do Colégio Planalto, em Lisboa, a um leigo, monitor de um centro de tempos livres e a um médico.
Nos últimos dias, a direção do Colégio Planalto enviou uma comunicação a todos os pais e encarregados de educação sobre as denúncias de abusos envolvendo professores da instituição. Brevemente, vai pedir aos antigos alunos que, se tiverem sido vítimas de abusos ou souberem de alguém que tenha sido, que entrem em contacto com as entidades responsáveis.
O último testemunho relativo ao colégio aponta "toques impróprios" por um colaborador, em contexto não letivo, por volta do ano de 1990. "A pessoa em causa não trabalha no colégio há mais de duas décadas", refere o Opus Dei, em comunicado. Há aproximadamente três anos chegaram à Direção do Colégio comentários sobre uma situação com dados coincidentes com os descritos. "A direção de então entrou em contacto com a vítima, disponibilizou apoio para acompanhamento e escuta, e insistiu na formalização de uma queixa. O antigo aluno considerou dispensável qualquer destas medidas", salienta a mesma fonte.
"Se todo o abuso sobre menores é gravíssimo, onde quer que se faça e por quem quer que o realize, mais grave é se for praticado por um cristão", refere o Opus Dei em comunicado. E continua: "Por isso, um cristão do Opus Dei que cometesse esse crime teria de responder perante a justiça e as autoridades civis, reparar os danos, pedir perdão às vítimas, implorar o perdão de Deus, fazer uma profunda e exigente conversão de vida, e ver em que medida esse comportamento afeta a sua pertença à Prelatura".
Recorde-se que a comissão independente validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4815. Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais pelos menos nove foram já arquivados.
Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos no período compreendido entre 1950 e 2022, o espaço temporal que abrangeu o trabalho da comissão.