Há mais de cinco mil doentes oncológicos à espera de cirurgia. Ministra anuncia plano para acelerar recuperação da atividade.
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Há neste momento mais de cinco mil doentes oncológicos em lista de espera para cirurgia, um volume que resulta em boa parte da suspensão da atividade programada nos hospitais para dar resposta aos internamentos por covid-19. A ministra da Saúde anunciou ontem que está a ser preparado um plano para acelerar as cirurgias ao cancro, que passará pela concentração desta atividade em hospitais regionais.
Dos mais de cinco mil utentes inscritos para cirurgia oncológica, cerca de 30% pertencem aos IPO, cuja atividade nunca parou durante as várias fases da pandemia, referiu Marta Temido, acrescentando que as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve são as que têm mais inscritos para lá dos tempos máximos de resposta garantida.
O problema motivou uma reunião de trabalho entre a coordenação do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da DGS, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e os três IPO (Porto, Coimbra e Lisboa) para delinear um plano de recuperação da atividade oncológica. Dali saiu documento com "estratégias imediatas", que passa, por exemplo, pela criação de "clusters de hospitais regionais para acelerar as cirurgias oncológicas nos próximos meses", referiu Marta Temido.
Apoio privado e externo
Numa audição da Comissão de Saúde, muito marcada pela resposta à pandemia, a ministra foi questionada sobre a capacidade de camas disponibilizada pelo setor privado e esclareceu que os acordos "mantêm-se sensivelmente estáveis". O que significa cerca de 745 camas acordadas com o setor social e privado e cerca de 236 com as Forças Armadas.
Sobre a colocação da equipa de 26 profissionais de saúde militares alemães no Hospital da Luz, em Lisboa, a ministra referiu que foram avaliadas várias hipóteses e justificou a opção com a possibilidade de poderem trabalhar todos juntos nas mesmas instalações.
Por criar
A prometida "task force" para resposta aos doentes não-covid não foi criada. "Mais grupos podia ser pulverizador da decisão", disse a ministra.
Rasto pesado
Marta Temido admite que a pandemia deixará "um rasto pesado" na saúde mental, não só em termos de equilíbrio, mas também de doença mais profunda.