Os comboios da Linha do Marco, que liga o Marco de Canaveses ao Porto, circularam, na manhã desta terça-feira, completamente lotados. A greve convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) suprimiu várias viagens, obrigando os utentes a concentrarem-se nos poucos comboios disponíveis.
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Foi o que aconteceu no comboio que partiu às 8.14 horas da estação do Marco de Canaveses. Devido à supressão dos dois comboios anteriores, a composição rapidamente encheu com os passageiros que entraram nas primeiras estações. Por isso, a meio da viagem com destino à estação de São Bento, no Porto, já não havia lugares sentados.
Na estação de Recarei-Sobreira, ainda no concelho de Paredes, já foi difícil a quem esperava há cerca de uma hora entrar nas poucas carruagens que ali pararam. Mas entre um e outro empurrão, associado à boa vontade de quem já se sentia apertado, foi possível meter toda a gente no comboio.
Porém, o mesmo já não aconteceu no apeadeiro de Suzão, em Valongo. Nesta altura da viagem, junto às portas, os passageiros comprimiam-se uns contra os outros, procuravam com esforço uns centímetros para firmar os pés e muitos viajavam sem estar agarrados a qualquer varão, amparados apenas por quem, como eles, permanecia encolhido para ocupar o menor espaço possível.
Nos corredores que separam as duas filas de bancos o cenário não era menos sufocante. Antes de um pedido de desculpa sentia-se um empurrão e após cada travagem mais brusca ou curva apertada a proximidade entre passageiros chegava ao nível de um jovem casal de namorados.
Com crianças a caminho da praia, trabalhadores atrasados para o emprego e até bebés em carrinhos, a paciência ia-se perdendo com o calcorrear dos quilómetros. E a cada nova paragem, mais empurrões, mais apelos por um pouco espaço que permitisse entrar no comboio criavam uma confusão inevitável. Quem estava acompanhado de crianças, pedia cuidado a quem forçava a entrada, mas todos insistiam em seguir viagem.
Mesmo assim, nas últimas cinco paragens foram poucos os que conseguiram um lugar dentro do comboio, cujo ar condicionado foi deixando de ter potência suficiente para arrefecer demasiados passageiros para as carruagens disponíveis. Quando a porta abria, quem aguardava deparava-se com pessoas até ao limite da carruagem, sem uma brecha para se esgueirar e percebia que tinha de esperar pelo próximo comboio, com hora marcada, mas sem vinda confirmada.
Só na estação de Campanhã, onde muitos trocam de comboio e mudam de plataforma para apanhar o metro, o ambiente desanuviou e o último trajeto foi feito entre lamentos de quem não tem alternativa a um comboio lotado.
A greve, que começou no dia 6 deste mês, prossegue até 6 de agosto.