Após 48 anos das primeiras eleições na Madeira, o PSD repetiu a vitória mas com o pior resultado de sempre, sem maioria. O PS manteve os 11 deputados e ainda procura entender-se com o JPP que elegeu nove mandatos. Mesmo assim, teria de juntar CDS, IL e PAN para uma maioria. Saiba quais são os cenários em cima da mesa
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Quais são as contas possíveis para Albuquerque?
Há duas formas claras para o PSD-Madeira conseguir maioria no Parlamento da Madeira. Na prática, bastaria um acordo com o Juntos Pelo Povo (JPP) - que elegeu nove deputados -, mas o partido de Élvio Sousa já colocou essa hipótese de lado.
Num segundo plano, um acordo com Chega (quatro deputados) e CDS, IL ou PAN (cada um elegeu um deputado) é o suficiente para reunir os 24 deputados necessários para essa maioria, mas o partido de André Ventura exige a saída de Miguel Albuquerque. Já um acordo entre PSD, CDS, IL e PAN (23 deputados) continua a ser insuficiente.
O PSD pode governar sem maioria Parlamentar?
Sim. Durante a noite eleitoral, o líder do PSD-Madeira esclareceu que vai procurar o “quadro mais estável” para formar “um governo com estabilidade que aprove o orçamento e o programa até ao mês de junho”, admitindo “dialogar com todos os partidos”.
Nas eleições de setembro, a coligação PSD/CDS também não conseguiu a maioria no Parlamento, tendo sido necessário a assinatura de um acordo de incidência parlamentar com o PAN.
E do lado PS, ainda há expetativa de formar governo?
No regresso de Paulo Cafôfo à liderança do PS-Madeira, o partido ficou aquém das expectativas ao repetir o mesmo resultado das últimas regionais de setembro (11 mandatos). Mesmo assim, Cafôfo acredita numa “mudança de governo" na região, mas o caminho não é o mais fácil para formar uma maioria. Para isso, é necessário um entendimento com o JPP, CDS, IL e PAN.
Após serem conhecidos os resultados, Paulo Cafôfo vincou que o "O PS e o JPP - que aumentou o seu grupo parlamentar de cinco para nove - juntos elegem mais deputados que o PSD", e reforçou que só não está aberto a diálogo com o PSD e Chega.
Pedro Nuno Santos acredita numa maioria à esquerda?
Em reação aos resultados eleitorais na Madeira, o secretário-geral do PS disse que "governa quem consegue ter uma maioria", acrescentando que "à direita é confusão no plano nacional e também na Madeira". "Desejo e estamos expectantes que se consiga encontrar neste quadro parlamentar fragmentado na Madeira uma solução de governabilidade que consiga garantir alguma estabilidade politica à região autónoma da Madeira", afirmou.
No programa "O Princípio da Incerteza", da CNN, a socialista Alexandra Leitão admitiu a possibilidade de um governo minoritário do PSD “não durar muito tempo”.
O JPP tem a chave da governabilidade na região?
O partido de Élvio Sousa conseguiu o melhor resultado de sempre nas regionais da Madeira (16,9%). Foi a terceira força política mais votada, elegendo nove mandatos. Aos jornalistas, o líder do JPP admitiu conversações e entendimentos com outros partidos, exceto com o PSD. “A Madeira não vai ficar ingovernável por nossa responsabilidade”, admitiu aos jornalistas.
Durante a noite eleitoral, o ex-presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, considerou que o JPP é “o grande vencedor” das regionais, reforçando a necessidade da região “precisar” de um governo maioritário.
E quais são as exigências do Chega para dar a mão ao PSD?
Segundo André Ventura, um entendimento entre o PSD e o Chega só é possível com a saída de Miguel Albuquerque. "Estou em crer que será possível chegar a alguma forma de entendimento, e se for sem Miguel Albuquerque e sem estes protagonistas até será possível chegar a um entendimento mais alargado, a quatro anos. Com estes protagonistas não", notou.
Já o líder do Chega/Madeira, Miguel Castro, referiu que Miguel Albuquerque terá de “ter a coragem” para governar sem maioria, considerando que “não é necessário haver coligações”.
O Parlamento Regional ficou mais curto depois destas eleições?
O novo Parlamento da Madeira ficou reduzido a sete forças partidárias, menos duas do que na anterior composição. A CDU (1,6%) e o Bloco de Esquerda (1,4%) falharam a reeleição do mandato que tinham. O coordenador regional da CDU na Madeira, Edgar Silva, prometeu continuar "o combate". Roberto Almada, cabeça de lista do Bloco de Esquerda, admitiu que o partido vai estar "todos os dias nas ruas junto das pessoas".
O que originou estas eleições antecipadas?
A Madeira foi a votos oito meses depois do último sufrágio após Miguel Albuquerque ser constituído arguido na Operação Zarco por suspeitas de corrupção. A demissão do líder madeirense desencadeou uma crise política, levando Marcelo Rebelo de Sousa à marcação de eleições antecipadas.