Compras de Natal de última hora: enchentes nos shoppings e recorde no Multibanco
Multidões nos centros comerciais de Norte a Sul em compras de última hora. SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços) espera bater recorde de 15 milhões de transações na rede Multibanco até ao fim do dia.
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A corrida às compras de Natal encheu, esta sexta-feira, shoppings de Norte a Sul. Aveiro, Braga, Gaia, Gondomar, Lisboa, Matosinhos e Viana do Castelo são exemplos de multidões nos centros comerciais. Até ao final do dia deverá ser batido o recorde dos 15 milhões de transações na rede Multibanco. Segundo a SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços), é algo que nunca aconteceu em Portugal, pelo menos no sistema da empresa. O pico aconteceu ao meio-dia com 365 transferências por segundo. Este sábado espera-se novo recorde.
Aveiro - Jogo do amigo invisível e menos visitas
Francisca Correia andava hoje numa "correria" a fazer as últimas compras de Natal. "Acho que é algo típico da cultura portuguesa", diz, sorriso no rosto, à saída de uma loja no Centro Comercial Glicínias Plaza, em Aveiro. Para contornar o aumento dos preços, foi decidido entre alguns amigos e família recorrerem ao jogo do "amigo invisível, em vez de dar prendas a toda a gente", revela. Outra estratégia foi definir um valor e, no seu caso, a maioria das prendas custará até 10 euros.
Para Tiago Nogueira e Sofia Ribeiro, o "orçamento à mesa mantém-se". Mas vão ser feitos ajustes quanto à "família a visitar, devido ao preço do combustível", diz Tiago, explicando que tem família espalhada por todo o pais e era habitual fazer "centenas de quilómetros" nesta altura do ano. Ontem, acompanhava Sofia numas compras extra de última hora, já que ela tinha planeado oferecer bilhetes para um espetáculo que "esgotou".
Catarina Couto é exceção e "felizmente" consegue fazer as compras à vontade. "Compro o que gosto e acho indicado", adianta.
No Glicínias Plaza a afluência está "ao nível do Natal de 2019", conta Diogo Filipe, diretor geral de centro comercial. Francisca Correia andava ontem numa "correria" a fazer as últimas compras de Natal. "É habitual deixar para os últimos dias, acho que é algo típico da cultura portuguesa", assume, sorriso no rosto, à saída de uma loja no Centro Comercial Glicínias Plaza, em Aveiro.
Para contornar o aumento dos preços, foi decidido entre alguns amigos e família recorrerem ao jogo do "amigo invisível, em vez de dar prendas a toda a gente", revela Francisca. Outra estratégia é definir um valor máximo e, no seu caso, a maioria das prendas custará até 10 euros. Para quem, como ela, gosta de dar prendas, "torna-se complicado" mas, se conseguir não se exceder hoje, gastará "menos do que no ano passado, entre 50 e 100 euros".
Na consoada de Tiago Nogueira e Sofia Ribeiro, o "orçamento à mesa mantém-se", pese embora a inflação. Mas vão ser feitos ajustes quanto à "família a visitar, devido ao preço do combustível", diz Tiago, explicando que tem família espalhada por todo o pais e era habitual fazer "centenas de quilómetros" nesta altura do ano. Ontem, acompanhava Sofia numas compras extra de última hora, já que ela tinha planeado oferecer bilhetes para um espetáculo que "esgotou".
Numa azáfama andava também João Neves. Está emigrado e só anteontem regressou a Aveiro. "Guardei para fazer as compras em Portugal, mas estou estupefacto com os preços, são mais caros"", desabafa. Este ano vai reduzir o número de pessoas a presentear e o valor monetário das ofertas mas, ainda assim, conta gastar "perto de 500 euros". Na lista de compras tem, entre outros, livros, puzzles e jogos didáticos.
Já Catarina Couto "felizmente" consegue fazer as compras à vontade e nem tem por hábito definir um orçamento. "Compro o que gosto e acho indicado para cada pessoa", adianta, sublinhando que gosta de "prendas úteis e típicas de Natal, como os pijaminhas, meias fofinhas, postais". Este Natal, o primeiro com o filho recém-nascido, terá ainda "mais significado e magia".
No Glicínias Plaza a afluência está "ao nível do Natal de 2019", antes da pandemia de covid-19, conta Diogo Filipe, Diretor Geral de Centro Comercial. Face aos últimos dois meses, nota-se uma subida de "30 a 40%" no número de visitantes.
Baga - Aproveitar hora de almoço para evitar filas
Nas mãos de Rita Flor, bracarense de 26 anos, já não cabia mais nenhum presente. Esta sexta-feira, pelas 15 horas, estava carregada com sacos de compras de última hora, porque, "ao contrário de outros anos", não conseguiu ir ao shopping mais cedo. O mesmo aconteceu com Manuel Guimarães e o filho Rafael, de Fafe, e milhares de outras pessoas que circulavam pelo centro comercial Braga Parque. Até ao final do dia, o diretor-geral, António Afonso, esperava que mais de 40 mil passassem por ali.
"O trabalho não permitiu vir mais cedo. Andei cerca de 30 minutos à procura de estacionamento e acabei por deixar o carro fora do shopping", contou Manuel Guimarães, ao JN, enquanto aguardava na fila de uma perfumaria para embrulhar o primeiro de "dois ou três" presentes que tinha em mente.
Para evitar o pico de maior confusão, Rita Flor chegou pelo meio-dia ao shopping. Foi o "truque" para fugir das filas. "Também não fui a lojas com muita gente", ressalvou, ao fim de três horas e já com a missão completa.
Segundo António Afonso, o facto de, hoje, a chuva ter dado tréguas, incentivou os consumidores a sair de casa.
Por outro lado, permitiu que os clientes estacionassem nas ruas que circundam o edifício "e os parques não tivessem que fechar". "O centro comercial está cheio sem estar caótico", referiu o diretor-geral, admitindo que a procura é "aproximada" da realidade pré-pandemia.
Quem não gosta da confusão é Raquel Ferreira. "Há muita fila nas lojas, muita espera para pagar. Estou aqui há meia hora e já estou cansada", lamentou-se a bracarense, que foi tratar de presentes de Natal de última hora "a pedido da família". "Nunca venho nesta altura do ano ao shopping, nem aos fins de semana", asseverou, ao lado da filha Beatriz Carvalho.
Já Manuel Guimarães admitiu que prefere enfrentar as filas no Braga Parque do que recorrer ao comércio tradicional, "porque tem um maior número de lojas concentradas".
"Romaria" de dezembro
As compras de última hora, antes deste Natal, prometem voltar a engrossar os quatro milhões de visitantes que, anualmente, entram no centro comercial Estação Viana, em Viana do Castelo. Segundo José Glória, diretor do único shopping, situado em pleno coração daquela cidade, dezembro, principalmente nos dias mais próximos da celebração, e agosto, por altura das festas d'Agonia, são meses de "romaria".
"Vim hoje [sexta-feira] fazer as compras todas por falta de tempo, porque trabalho. Também são poucas, é só para a família", afirmou Rosa Neiva, de embrulhos na mão.
Já Márcia Alves contou que foi buscar um último presente. "Faço as compras com antecedência, mas o meu pai pediu-me hoje para comprar por ele para a minha mãe", contou. E José Costa de Barcelos, pai de três filhos com 5, 7 e 10 anos, dono de um cão e "120 pintassilgos", deixou tudo para a última da hora. "Trabalho e este foi o único dia que tive livre desde agosto. Há muita compra para fazer, por causa das crianças e até aos pássaros dou bolo-rei e pão de ló", disse.
Morgana Prado, vendedora, já trabalha há quatro anos no centro comercial e nota que este ano "há mais gente". "Hoje está muita gente e, se calhar amanhã [sábado] ainda vai estar mais. As pessoas deixam as compras para os últimos dias", referiu.
Um "senhor de barbas brancas", de nome António, animava o Estação Viana, vestido de pai natal, e confirmou a enchente, de gente e de animação. "Vejo muita gente animada, com as crianças. Tem havido muito movimento. Pessoas dos 9 aos 90. Para mim tem sido uma experiência fantástica", contou.
Amadora - As últimas são para os mais novos
Ao final da manhã, os corredores do centro comercial UBBO, na Amadora, enchiam-se de pessoas que gastam as últimas poupanças nos presentes para familiares. Apesar de terem começado as compras de Natal há dois meses, Miguel e Cátia Marques vieram, com as duas filhas, para a azáfama do último dia. "Brinquedos para a pequena já viemos comprar em outubro quando começaram as promoções. Vamos ao mais barato, sempre", conta Cátia. Ainda que tenham sentido "um bocado a diferença", as prendas rondaram "os 300 ou 400 euros", aponta Miguel, fazendo as contas.
Bruno Gado é profissional de saúde. Há dois anos que não tem outra opção senão deixar as compras para o último dia. "Por causa da pandemia ainda existe nos hospitais uma grande afluência de doentes, o que torna difícil vir cá durante a semana", diz. Para evitar a "confusão", veio logo às 9:30 horas, aproveitando a tolerância de ponto para "comprar roupa para os miúdos e familiares mais próximos." Este ano o orçamento "ficou à volta de 300 euros, mais baixo devido à inflação ", conta.
O tempo durante a semana também faltou a Amanda Silva. Hoje decidiu comprar um vestido para filha e outras prendas de última hora. "Prefiro vir para o shopping porque tem mais opções", admite. Numa banca de artesanato cheia de porta-chupetas e outros acessórios procurava ainda "uma prendinha para o bebé de uma amiga". Apesar da correria que se faz sentir logo de manhã no centro comercial, Amanda diz conseguir "fazer tranquilamente" as compras porque as "caixas estão bem ocupadas" e assim "as filas que estão grandes não estão a demorar tanto". A crise também bateu à porta de Amanda nesta época festiva: "Como trabalho de TVDE, não recebo um salário fixo e este ano não foi tão bom como dantes", partilha.