A Federação Nacional de Professores (Fenprof) indicou, esta segunda-feira, que a greve dos docentes de informática se vai manter, uma vez que a verba para comprar computadores "não retira" as tarefas-extra que lhes têm sido atribuídas.
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O Governo disponibilizou 6,5 milhões de euros para comprar novos computadores para substituir os avariados e assim garantir que todos os alunos terão equipamentos para realizar as provas de aferição e exames nacionais do 9.º ano em formato digital.
A medida foi aprovada na passada quinta-feira em reunião de Conselho de Ministros, mas os diretores escolares e professores consideram que a verba não chegará a tempo das provas, que começam dentro de dois meses.
"Vem tarde o anúncio, na medida em que a aquisição de material pelas escolas obedece a um conjunto de procedimentos prévios relacionado com as normas de contabilidade pública, sendo, depois, necessário um conjunto de intervenções técnicas para que os equipamentos fiquem operacionais, o que exige a contratação de pessoal técnico", alertou a Fenprof, em comunicado.
O anúncio feito na quinta-feira pelo Ministério da Educação "faz supor que, ao invés de os equipamentos recuperáveis serem reparados por técnicos, as escolas irão substituí-los por outros, tendo de arranjar espaço para o cemitério de computadores que passará a existir, o que, até do ponto de vista ambiental, é questionável", acrescenta a federação.
Nos últimos meses, têm sido constantes os alertas de professores para a falta de condições para realizar provas digitais: além de milhares de equipamentos estragados, há problemas de rede de Internet em muitas escolas e faltam informáticos.
Invariavelmente, são os professores de informática quem acaba por dar apoio e resolver os problemas, mas estes docentes anunciaram que vão entrar em greve à manutenção de equipamento e ao apoio técnico durante as provas digitais.
A Fenprof sublinha que a greve "irá manter-se porque as tarefas sobre as quais incide - de apoio ou manutenção dos equipamentos tecnológicos e ao suporte técnico das provas digitais -- não lhes foram retiradas, uma vez que não houve autorização para as escolas contratarem o pessoal técnico necessário para as garantir".
A Fenprof voltou a defender que a realização de provas nacionais em meio digital continua a ser um fator acrescido de aprofundamento de desigualdades entre alunos: "alguns lidam diariamente com o meio digital e outros pertencem a famílias que não têm condições económicas para adquirir computador ou ligação forte e segura à rede de Internet".
Também a Confederação Nacional de Pais tem defendido a necessidade de repensar a forma como vai ser garantida a equidade durante os exames digitais.
Em causa estão os alunos dos 2.º, 5.º e 8.º anos, que em maio começam as provas de aferição, e os estudantes do 9.º ano que em junho têm pela frente os exames nacionais.