Há paróquias a optar por locais ao ar livre e transmissões online. Lojas de vestuário e restaurantes agradecem a retoma de celebrações católicas.
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Com as cerimónias divididas por vários dias, lotação limitada nas igrejas, distâncias de segurança e sempre de máscara, as paróquias estão a regressar à normal atividade religiosa realizando por estes dias as primeiras comunhões. Eventos que funcionam como "um teste" para a retoma das restantes celebrações.
Por causa da pandemia, no ano passado, a festa que leva milhares de crianças e respetivas famílias às igrejas foi cancelada. Este ano, em moldes diferentes e seguindo indicações da Direção-Geral da Saúde, de norte a sul, as paróquias encontraram formas distintas de voltar a estas celebrações. Muitas, como é o caso da Trofa, estão a transmiti-las nas redes sociais como uma forma de envolver as famílias.
"As orientações gerais para a celebração dos sacramentos continuam a ser as da Conferência Episcopal Portuguesa. Em cada lugar e, em articulação com as autoridades locais, tomam-se as decisões mais acertadas em ordem às celebrações. As celebrações da primeira comunhão estão a decorrer bem e com todos os cuidados em vigor", disse, ao JN, D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda e presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade. Apenas com regras sanitárias comuns (como a distância social e o uso de máscara), "em cada comunidade tem-se feito o melhor discernimento e as melhores opções possíveis", salientou.
O regresso das celebrações católicas também já se sente, por exemplo, nos restaurantes e nas lojas de roupa.
"Desde que reabrimos, 80% das vendas são de roupa e acessórios para a primeira comunhão", afirmou Raquel Ferreira, responsável por estabelecimentos de roupa de cerimónia em Braga, Barcelos, Cervães e Vila Verde. "Quando a igreja faz festas ou autoriza que se façam festas, a economia ganha força", salientou.
Algumas ao ar livre
A Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), em comunicado, acredita que a reabertura do comércio e restauração "deverá ser sinónimo do início da retoma". "Apesar destes sinais, a crise ainda não se afastou destas atividades económicas, mantendo-se a intenção de vários de requererem a insolvência", salienta.
Em muitas paróquias, por causa das igrejas pequenas, as cerimónias estão a ser realizadas ao ar livre, em parques públicos ou recintos desportivos e transmitidas pelo Facebook. Apenas as crianças e os pais (e às vezes os padrinhos) podem estar presentes.
O ano de 2020 foi financeiramente difícil para a Igreja. Com os templos fechados, sem ofertórios, sem a realização das cerimónias da Páscoa e com o cancelamento e adiamento de milhares de eventos, a crise chegou a muitas paróquias que deixaram de ter dinheiro para pagar despesas correntes como a água e a luz.
"Temos paróquias que estão insolventes do ponto de vista da sua administração local e há dificuldade em garantir a remuneração do pároco", admitiu recentemente D. José Ornelas, bispo de Setúbal e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. O regresso dos fiéis às igrejas e a retoma das celebrações significa o regresso dos donativos e do pagamento de serviços, como o aluguer de mosteiros e basílicas para a realização de casamentos e batizados.
Exemplos
Vila do Conde
Por ser maior, a igreja do Senhor dos Navegantes, nas Caxinas, tem estado a receber desde o início do mês as comunhões. Recebe crianças de todo concelho, apenas acompanhadas dos pais e padrinhos.
Viana do Castelo
O diretor do secretariado da catequese da Diocese de Viana do Castelo, Vasco Gonçalves, admite que a maioria das paróquias não terá condições de realizar as cerimónias devido à paragem das atividades por causa das restrições relacionadas com a covid-19.
Lamego
80% das paróquias farão as comunhões, embora mais atrasadas, porque as sessões de catequese começaram mais tarde, garantiu fonte da diocese.