O Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior arranca segunda-feira com 53 640 vagas, num acréscimo de 2,6% face à 1.ª fase do ano passado.
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As instituições localizadas em zonas de menor pressão demográfica são as que, em termos relativos, mais crescem (+4%), mas as de Lisboa e Porto mantêm-se preponderantes. Com destaque para a Universidade do Porto e o ISCTE, a registarem o maior aumento absoluto. Das novas vagas criadas para esta 1.ª fase, 46% são garantidas pelos 22 cursos financiados pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). Se a procura se equiparar à dos dois últimos anos, com mais de 60 mil candidatos, o Governo admite voltar a transferir vagas.
Comparando com o ano passado, vão a concurso mais 1398 vagas, 44% das quais em universidades e politécnicos sitos em territórios de baixa densidade e 37% em Lisboa e Porto. Com destaque para a Universidade do Porto, com mais 198 lugares, e o ISCTE, com mais 179. Sendo que, através do financiamento do PRR, a UPorto abriu quatro novas licenciaturas (de cinco) e o ISCTE oito (de 11) na nova escola de Sintra. Seguem-se a Universidade da Beira Interior (+173 vagas) e o Politécnico de Bragança (+107).
Os estudantes, que têm até dia 8 de agosto para se candidatarem, contam nesta 1.ª fase do concurso com um total de 1103 cursos (+33). Sendo 22, dos quase 50 contratualizados, apoiados pelo PRR, num total de 642 vagas. O que significa dizer 46% do reforço de vagas nesta 1.ª fase do concurso deste ano. E sem o qual o aumento do número de lugares seria de 1,4% e não de 2,6%. Daqueles 642 lugares, mais de metade são oferta de instituições sediadas em Lisboa e no Porto.
Mais cursos de excelência
A lista de licenciaturas com elevada concentração de bons alunos também cresce, para um total de 38 - são mais seis, excetuando Medicina. Contudo, e apesar do apelo da tutela para aumentarem vagas até 10%, o reforço de lugares ficou-se pelos 153. No ano passado, com menos cursos com índice de excelência, as vagas aumentaram em 385.
Isto porque a maioria (22) das instituições optou por manter o mesmo número de vagas, sendo que três desceram mesmo. O que o secretário de Estado do Ensino Superior explica com a necessidade de recursos invocada pelas instituições, como sejam professores. Na 1.ª fase do concurso do ano passado, recorde-se, em 28 cursos entrou-se com média superior a 18 valores.
Já os ciclos de estudos que visam a formação em competências digitais - uma das exceções ao limite de vagas - registam um reforço de 3,6% no número de lugares. E a Educação Básica, novidade introduzida no despacho de vagas deste ano, consegue mais 56 vagas (+7%). Resta agora saber se, como nos dois últimos anos, marcados por alterações no ingresso devido à pandemia, assistiremos a novo aumento da procura, depois de em 2021 se terem candidatado quase 64 mil alunos na 1.ª fase, no valor mais alto desde 1996. Pedro Teixeira espera um número "próximo, um bocadinho abaixo". E, se assim for, voltar a transferir vagas é uma opção.
Mais detalhes
Os nove cursos públicos de Medicina abrem um total de 1534 vagas nesta 1.ª fase. São mais cinco face ao ano passado, todos oferta da Universidade da Beira Interior. Somando as vagas da Universidade Católica (a única privada) e do concurso para licenciados, são 1873.
No top 10 de cursos com mais vagas continuam os de Direito, com 445 lugares na Universidade de Lisboa e 334 na de Coimbra. Numa tabela em que seis cursos são na área de Saúde. Num total de 1103 cursos, as engenharias, nos seus mais variados ramos, respondem por um quinto.
Entrevista
Em termos relativos, as instituições localizadas em zonas de menor procura registam o maior aumento. Mas em termos absolutos, Porto e Lisboa destacam-se. Garante-se a coesão territorial?
Sim, porque o aumento percentual é maior nas do interior e o seu peso até aumenta. Agora isso não mexe muito com os equilíbrios, nem altera radicalmente, o que também não é expectável nem seria desejável, porque as mudanças têm que ser graduais. O aumento percentual de vagas nos três blocos [de regiões] é relativamente muito próximo, contrariando a ideia de que este ano o PRR iria alterar. O aumento é bastante distribuído.
Por falar em PRR, 46% dos novos lugares vêm por essa via. Descontando as vagas do PRR, o aumento seria de 1,4% e não de 2,6%.
O aumento está ajustado, até porque não temos informação em relação aos candidatos. Depois de fechar a 1.ª fase poderá ser ajustado como em 2020 e 2021. Temos cursos com notas muitos altas, o que nos preocupa porque há muitos alunos muito bons e muito motivados. E é curioso, porque temos aumentado as vagas e as notas mínimas de entrada não baixam.
Ajustar significa transferir as vagas não ocupadas pelos internacionais para o concurso nacional?
Antes das colocações vamos avaliar com a Comissão Nacional de Acesso para ver se se pode reforçar as vagas conforme o número de candidatos. O decreto-lei diz isso, que podemos transferir dos internacionais para fazer face à procura. Vamos avaliar quando fechar a 1.ª fase e se o número de candidatos for semelhante ao dos dois últimos anos pode justificar-se algum reforço.
E qual a expectativa em termos de procura?
Temos sinais contraditórios. A teoria diz-nos que quando o mercado de trabalho está forte, as pessoas estão muito tentadas a ir trabalhar; e que quando a taxa de desemprego é mais alta o custo de estudar é menor. Atendendo a uma taxa de desemprego baixa pode uma franja de estudantes ser tentada a ir para o mercado de trabalho. O facto de a média a Matemática A ter subido pode significar mais alunos em condições de concorrer. Provavelmente, o número de candidatos ficará próximo, um bocadinho abaixo, dos últimos dois anos. Sendo que no ano passado tivemos um recorde.
Apesar de excecionadas, a maioria das instituições não aumentou vagas nos cursos de excelência.
Fomos sensibilizando para aumentarem na medida do possível. Nalguns casos diziam que não conseguiam, porque precisavam de mais professores. Outras assumiram uma estratégia e propuseram-se aumentar via PRR, indo buscar recursos.