SNESUP diz que 42% dos docentes no Ensino Superior estão em "regime precário". Concurso arranca segunda-feira.
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Satisfeito com o contínuo aumento de vagas, o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP) alerta, no entanto, para as "condições de precariedade" que afetam a classe docente. E mostra-se preocupado com o agravamento, em ano pandémico, da taxa de abandono. A 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso arranca segunda-feira com mais de 53 mil lugares, que pode consultar aqui.
Ao JN, a presidente do SNESUP sublinha ver, "com muito agrado, um aumento de vagas nos últimos três anos", esperando que esse acréscimo "permita, uma vez mais, aumentar o número de estudantes". Tanto mais que "o que se sabe, é que vale a pena investir no Ensino Superior".
A concurso entram amanhã 53 640 vagas, num aumento de 2,6% face ao ano passado. Sendo que a realidade não é comparável com o período pré-pandemia. Isto porque, na 1.ª fase dos concursos de 2020 e 2021, para fazer face ao aumento da procura, o Governo reforçou o número de vagas, transferindo as não ocupadas nos concursos especiais.
Assim, em 2020 foram 56 121 vagas e no ano passado 56 043. E, neste ano, a tutela já admitiu voltar a usar do mesmo expediente se o número de candidatos equiparar o dos dois últimos anos, acima dos 60 mil.
"Regime precário"
Para Mariana Gaio Alves é importante perceber se, face ao acréscimo do número de estudantes, "temos docentes em número suficiente". Sendo motivo de preocupação o facto de "42% dos professores estarem num regime precário". Isto é, explica a dirigente sindical, "contratados a tempo parcial, muitas vezes contratados para apenas uma parte do ano letivo".
Segundo aquela responsável, "temos muitas pessoas doutoradas e que não têm uma posição contratual estável". Além de "muitas pessoas a dar aulas que não são doutoradas". Defende, por isso, que "se tomem medidas para integração na carreira dos professores que há muitos anos estão no sistema a tempo parcial".
Por último, e tendo por base os mais recentes dados que dão conta de um agravamento da taxa de abandono em 2020/21, Mariana Gaio Alves diz ser "importante olhar para a forma como vamos acolher os que entram no 1.º ano".
Pormenores
Cursos PRR com 46%
A 1.ª fase do concurso conta com mais 1398 vagas face ao ano passado, das quais 46% são asseguradas pelos 22 novos cursos financiados pelo Programa de Recuperação e Resiliência. Universidade do Porto (+198) e ISCTE (+179) são quem mais reforça a oferta.
Cursos de excelência
São agora 38 (+6) os cursos com índice de excelência. Contudo, o reforço ficou-se por mais 153 lugares, contra +385 no ano passado.