Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva vão integrar mesa do conclave. Primeiro-ministro fala este sábado e quer reafirmar aproximação à Esquerda.
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O congresso do PS arranca este sábado, em Portimão, com a sucessão de António Costa no horizonte. O conclave vai servir para "consagrar a unidade" do partido em torno do primeiro-ministro, como diz o politólogo António Costa Pinto ao JN, mas há quatro nomes que começam a posicionar-se para o período pós-Costa. Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva estarão em Portimão e deverão integrar, todos eles, a mesa do congresso. O secretário-geral socialista falará duas vezes - uma este sábado e outra domingo - e vai reafirmar a linha de aproximação à Esquerda.
"O congresso realiza-se numa conjuntura de pouca turbulência política à Esquerda", analisa Costa Pinto. Para o politólogo, há três assuntos a marcar a reunião magna socialista. Um é a dinâmica autárquica, uma corrida que o PS está "bem posicionado" para voltar a vencer; outro é a "unidade" que considera "mais do que seguro" continuar a existir em torno de Costa; por fim, o facto de o evento poder vir a ser uma oportunidade para observar como as distritais, concelhias e militantes "se vão apercebendo" de eventuais candidatos
Ainda assim, Costa Pinto considera que este último tema é "relativamente inútil", já que não existem "grandes tensões" no atual PS. Apesar de Costa recusar dizer se quer continuar no cargo após 2023 - o que tem alimentado a dúvida -, o politólogo refere que, por enquanto, as movimentações de possíveis sucessores só são percetíveis "internamente".
Costa Pinto resiste a entrar em detalhes sobre os quatro nomes mais falados, mas lembra que, nos partidos grandes, os putativos candidatos se medem "pela influência que têm sobre as estruturas partidárias". Nesse sentido, destaca Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que conta com o apoio de "um segmento importante das estruturas do partido ".
ministra apresenta moção
O politólogo admite que o facto de Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, ter sido designada primeira-ministra durante as férias de Costa "tem significado". "Trata-se de destacar politicamente esta ministra", que é "da criação autónoma" do chefe do Governo, Recorde-se que a moção estratégica de Costa foi coordenada por Vieira da Silva e será apresentada por ela ao congresso.
Costa Pinto também admite que Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, e Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, tenham a ambição de chegar a secretário-geral. No entanto, afirma que o que vier a suceder será, também, uma questão de "oportunidade", lembrando que o mesmo aconteceu com o próprio Costa (que chegou ao cargo após ter desafiado e derrotado António José Seguro, em 2014). Tanto Medina como Ana Catarina Mendes falarão.
No discurso deste sábado, previsto para perto das 12 horas, Costa falará, sobretudo, dos próximos desafios do PS. No de amanhã, que encerrará o congresso, abordará a situação do país, vestindo a pele de primeiro-ministro.
A moção estratégica de Costa, intitulada "Recuperar Portugal, garantir o futuro", reafirma a política de diálogo à Esquerda, nomeadamente com BE, PCP, PEV e ainda o PAN. Também repudia os partidos que mostram "complacência" com a extrema-direita, numa crítica ao PSD.
OUTROS TEMAS
Programa
A sessão de abertura do congresso é este sábado às 11 horas. Haverá discursos de Carlos César, da autarca de Portimão, Isilda Gomes, e de António Costa. De tarde, fala Ferro Rodrigues.
Só um não fala
Dos quatro "pré-candidatos" três falam no congresso: Fernando Medina e Ana Catarina Mendes têm discursos preparados e Mariana Vieira da Silva apresenta a moção de Costa. Só Pedro Nuno Santos preferiu o silêncio. Fontes próximas do ministro justificam com o facto de a linha do partido estar "bem definida".
"Costismo"
Daniel Adrião, candidato derrotado contra Costa nas eleições internas de junho, com 6%, criticou os quatro possíveis candidatos por se colocarem na "montra" e virem todos do "costismo".
Manter a linha
Os objetivos de Costa à entrada para o congresso são manter a linha política, vencer as autárquicas e recuperar o país. Não se esperam mudanças de fundo na composição do Secretariado Nacional e da Comissão Permanente, os órgãos executivos do PS.