
Rayn anuncia fim da rota para os Açores
Foto: Arquivo
A companhia irlandesa Ryanair anunciou, esta quinta-feira, que deixará de voar para os Açores a partir de março, numa decisão que surpreendeu o Governo e a ANA. O anúncio está a assustar, embora possa ser apenas uma forma de pressionar o Governo.
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Qual a razão da Ryanair deixar de voar para os Açores, a partir de março?
A companhia irlandesa informou, nesta quinta-feira, que vai cancelar todos os voos, com origem ou destino, para os Açores, a partir de 29 de março de 2026, "devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português, que aumentou as taxas de navegação aérea em +120% após a Covid". Alega ainda que foi introduzida uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros países da União Europeia (UE) estão a abolir taxas de viagem.
O Governo português já reagiu?
Sim. O Governo, através de fonte oficial do Ministério das Infraestruturas, manifestou "surpresa" com os argumentos da Ryanair sobre fim da operação nos Açores, lembrando que a taxa desta rota é a mais baixa da Europa e que a companhia recebeu dezenas de milhões de euros em incentivos. Acrescenta ainda que a taxa de terminal tem vindo a descer desde 2023, passando de 180 euros para 163 euros, realçando que as taxas da ANA não vão aumentar em 2026.
E a posição do Governo Regional dos Açores?
Através de comunicado, revelou que também ficou surpreendido, afirmando que a notícia "contraria, inclusivamente, notícias e declarações recentes do CEO da companhia em que afirmava a vontade de investir nos Açores e reativar a base operacional em Ponta Delgada". Em setembro, o presidente executivo da Ryanair, Michael O"Leary, anunciou, em Lisboa, quatro novas rotas em Portugal para o inverno (que têm como origem Porto, Faro e Funchal) e, de acordo com algumas notícias, a companhia - que tem quatro bases nos aeroportos portugueses (Porto, Lisboa, Faro e Madeira) -, já tinha pedido a reabertura da base em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Qual a reação da ANA?
Tal como o executivo e o Governo Regional, garantiu estar surpresa, realçando que estavam em curso conversas para aumentar o número de voos.
A decisão da Ryan Air é definitiva?
Talvez não. A "Visit Azores", responsável pela promoção turística dos Açores, salientou, nesta quinta-feira, que o anúncio da saída da Ryanair da região é uma "forma de pressão negocial". "O processo não está completamente fechado. É uma forma de pôr pressão cá fora, em especial nesta altura do ano. Não será inocente o "timing" da comunicação. ", revelou o presidente, Luís Capdeville Botelho.
Houve ameaças no passado
A operadora tinha já ameaçado anteriormente abandonar as rotas dos Açores, que ligam Lisboa e Porto às ilhas de São Miguel e Terceira, e em 2023 reduziu o número de voos nestes percursos.
Nos Açores, a decisão da Ryanair é vista com preocupação?
Sem dúvida. João Pinheiro, presidente da Associação do Alojamento Local dos Açores (ALA), manifestou "muita preocupação" com o anúncio da saída da Ryanair da região, acalentando a esperança de que "a notícia seja uma tentativa de pressão junto do Governo". "A Ryanair é um parceiro ativo do Alojamento Local dos Açores", vincou, assinalando que o setor "já contribui com mais de 7% para o PIB regional". O atual ano é considerado de ouro, no que diz respeito a receitas de turismo nos Açores, tendo crescido 10% no primeiro semestre face ao período homólogo.
