Ministra aceita demissão do presidente do conselho de administração do Amadora-Sintra

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já aceitou o pedido de demissão
Foto: António Cotrim / Lusa
O presidente do conselho de administração do Hospital de Amadora-Sintra, Carlos Sá, demitiu-se e o pedido foi aceite, esta segunda-feira, pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
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A ministra da Saúde esclareceu que foi contactada no domingo por Carlos Sá a dar conta de que a informação passada na sexta-feira, sobre a grávida de 36 anos que morreu naquele hospital, não era total, uma vez que esta "tinha tido consultas de vigilância nos cuidados de saúde primários daquela ULS".
A ministra afirmou, na sexta-feira, no Parlamento, que a grávida de 36 anos que morreu depois de ter tido alta não estava a ser acompanhada nos cuidados de saúde. Ao mesmo tempo, referiu que algumas destas mulheres "não têm dinheiro para ir ao privado", "nem falam português", não "foram preparadas para chamar o socorro" e, em alguns casos, "nem telemóvel têm".
"O senhor presidente do conselho de administração, exatamente porque esta falha é considerada grave, uma falha de informação considerada grave, pôs o seu lugar à disposição e eu aceitei a demissão", notou.
Questionada pelos jornalistas sobre se a família da grávida merecia um pedido de desculpa, a ministra da Saúde não respondeu.
Ana Paula Martins também não respondeu às perguntas sobre o bebé que está em estado crítico após uma falha no helicóptero do INEM ter obrigado a uma deslocação por terra de 270 quilómetros de ambulância.
O anúncio da ministra da Saúde aconteceu à margem de um evento da Sword Health, uma empresa de inteligência artificial em Saúde, no Porto, que vai investir 250 milhões de euros até 2028 em Portugal. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, também esteve presente, mas não prestou declarações aos jornalistas.
Hospital diz que grávida foi acompanhada
No domingo, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI) revelou que, "devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades [...], só hoje ao final da tarde foi possível verificar que a utente se encontrava em acompanhamento nos cuidados de saúde primários da ULSASI desde julho de 2025, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Agualva".
A utente teve uma "consulta de rotina" no dia 29 de outubro. Com 38 semanas de gravidez, a mulher de 36 anos apresentou uma "hipertensão ligeira", no mesmo dia, e foi referenciada para a urgência de obstetrícia, com "indicação de internamento às 39 semanas". Na madrugada de 31 de outubro, ligou para o 112 com queixa de "falta de ar". À chegada dos elementos de emergência, foi constatado que estava em paragem cardiorrespiratória. Foi solicitada a VMER do Hospital Amadora-Sintra e, minutos mais tarde, a mulher deu entrada nas urgências e foi realizada uma cesariana de emergência. A utente acabou por morrer, bem como o bebé, um dia depois da mãe.

