A pneumologista do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho Raquel Duarte responde a algumas questões e deixa conselhos sobre a Covid-19.
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Os cientistas usam a matemática e a ciência dos computadores para simular o curso da epidemia, tentar prever como esta vai evoluir e qual a melhor forma de a enfrentar.
Como é que os matemáticos têm colaborado nesta epidemia?
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Desde o início da epidemia, há um envolvimento importante da comunidade científica e académica. Em meados de janeiro, uma equipa de investigadores estimava já as principais cidades em maior risco de serem atingidas com base na dinâmica e nas rotas de aviação. Outra equipa discutia o número estimado de pessoas infetadas na China. Estes estudos e as estimativas podem ajudar os decisores a avaliar estratégias e recursos.
Assistimos por vezes a variações bruscas de aumento ou diminuição do número de novos casos. O que significam?
As variações diárias dos dados não são tão importantes como a avaliação da tendência - há uma série de fatores que pode condicionar uma variação dos valores diários (pessoas que aguardam a realização do teste, pessoas que aguardam o resultado do teste, atraso da notificação...), para além de que qualquer medida implementada (como o encerramento das escolas ou o estado de emergência) só tem efeito passados cerca de cinco a sete dias. Importa olhar para a tendência da curva.
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O que significa o abrandamento do crescimento da curva a que assistimos agora em Portugal?
Numa fase inicial a duplicação dos casos dava-se a cada dois dias, nestas duas últimas semanas a duplicação dos casos dá-se a cada cinco dias. Boas notícias. É cada vez mais claro que as medidas de contenção social foram chave nestes resultados.
E estas notícias querem dizer que já podemos voltar à normalidade?
Não! Atenção! Estamos perante uma boa tendência (o crescimento está a ser mais lento), mas o número de pessoas internadas ainda vai aumentar, o número de doentes ventilados ainda vai aumentar. Mas de uma forma mais lenta.
Esta tendência só se manterá se os comportamentos de isolamento e distanciamento social continuarem a ser cumpridos. Nunca como agora precisamos que cumpra as regras - tudo depende de si. Não deite tudo a perder agora. Por si. Por Todos.