Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Saúde analisou os conteúdos nutricionais de cinco sopas, 32 pratos pré-confecionados e 196 conservas. Quase 100% dos alimentos analisados não respeitam os níveis de teor de sal recomendados.
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No total, os investigadores analisaram cinco sopas, 32 pratos, à base de carne, peixe ou vegetais e 196 conservas variadas.
As conclusões demonstraram que, de todos os alimentos considerados, 99% não respeitavam os valores de sódio recomendados pela Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS). Para as sopas e pratos pré-confecionados, o valor de sal recomendado é de 0,2g/100g e nenhum dos 37 analisados chegou perto desse valor (o valor médio foi de 1,1g/100g para as sopas e 0,9g/100g para os pratos). Já a dosagem recomendada para conservas corresponde a 0,3g/100g, valor que apenas duas das 196 conservas analisadas conseguiram respeitar (a média registada estabeleceu-se na 1,3g/100g).
Mas esta não foi a única conclusão a que a equipa de investigadores do Insa chegou e que estão publicadas no Boletim Epidemiológico de maio. Concluíram ainda que uma parte considerável destas embalagens não prestava sequer a informação nutricional completa ou correta, levando até a que a amostra inicial do estudo tivesse de ser reduzida por falta de dados (70,6% das sopas não apresentavam informação nutricional completa, assim como 28,9% dos pratos pré-confecionados e 10,5% das conservas).
Incentivar reformulação de alimentos
Pela conhecida relação entre o consumo excessivo de sal e açúcar e o desenvolvimento de doenças crónicas, a Direção Geral de Saúde criou em 2017 a EIPAS, cuja principal missão é o estabelecimento de parâmetros alimentares para controlar o consumo destas e outras substâncias. Este estudo levado a cabo por uma equipa do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) mostrou que os limites propostos pela EIPAS estão longe de ser alcançados.
O estudo procurou monitorizar o valor energético e o teor de lípidos, de ácidos gordos saturados e de sal de três categorias de produtos disponíveis nos supermercados e muito consumidos pelos portugueses: sopas e pratos pré-confecionados prontos para consumo e conservas alimentares.
A EIPAS, que "incentiva à reformulação dos géneros alimentícios presentes no mercado nacional, com o objetivo de diminuir a ingestão de alguns componentes alimentares", tenta colmatar o consumo de sal entre os portugueses, por sinal igualmente excessivo. Os resultados obtidos no último Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (2015-2016) revelaram que, em média, os portugueses consomem 7,4 g de sal por dia.
Aproximadamente, 3,7 milhões de mulheres (63,2%) e 4,4 milhões de homens (88,9%) apresentavam uma ingestão de sódio acima do nível máximo tolerado (2,3g/dia).