As conservatórias e os tribunais estão, esta terça-feira, sem acesso aos sistemas informáticos devido a "um problema de comunicações" que está ainda a afetar outros serviços do Ministério da Justiça. Ao início da tarde, segundo os sindicatos, algumas conservatórias já conseguiam aceder às aplicações informáticas e utilizar os telefones.
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Contactado pelo JN, o Ministério da Justiça confirmou a existência de "um problema de comunicações que está a afetar o acesso aos sistemas". A tutela garantiu ainda estar a trabalhar para solucionar o problema "com a maior brevidade possível" e recordou que "os registos, o pedido, renovação e entrega do Cartão de Cidadão continuam disponíveis offline".
No terreno, durante a manhã, os constrangimentos impediram o atendimento de centenas de pessoas nos serviços de Registo e Notariado. De acordo com Rui Rodrigues, presidente do Sindicato Nacional dos Registos, a situação foi reposta ao início da tarde desta terça-feira. A informação também é confirmada ao JN por Arménio Maximino, do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado.
"Tivemos uma manhã que correspondeu a uma greve com adesão a 100%, visto que ninguém podia fazer absolutamente nada. Os serviços ficaram parados sem qualquer possibilidade de adiantamento de trabalho. O pessoal esteve entretido a arrumar os arquivos em papel", contou Rui Rodrigues.
Sem sistemas informáticos, o Rui Rodrigues recorda que os serviços "não conseguem trabalhar". Por isso, o atendimento ao público saiu prejudicado. Só foi possível prestar informações que não necessitassem de recurso às aplicações informáticas. "Temos serviços com bastante tempo de atraso de entrega dos registos prediais, comerciais e automóveis. Isto veio, no fundo, acrescentar um atraso maior", referiu o dirigente sindical, revelando que trabalhadores e utentes foram surpreendidos esta manhã com as dificuldades de acesso aos sistemas.
"Não tínhamos mail, nem telefone, nem qualquer outro meio de comunicação a funcionar", detalhou Rui Rodrigues.
Arménio Maximino, do Sindicato dos Trabalhadores do Registo e Notariado, lamenta a situação e aponta o dedo ao Governo que ainda não passou "das palavras à ação" no que toca à atualização destes sistemas. "Hoje, fomos surpreendidos com um crash geral. Não tínhamos acesso à internet, ao email e às aplicações informáticas. Em todo o país, ninguém conseguia efetuar nada. Mas todos os dias, temos mini-crash", revelou o dirigente sindical, afirmando que os sistemas "falham com frequência" e "são lentos".
"Temos muito presente a imagem da rodinha no computador a rodar, a rodar, a rodar sem que o sistema evolua para desespero de quem presta o serviço e de quem o está a receber. Já é hora do Governo passar das palavras à ação. Fala-se muito em transição digital mas verdadeiramente temos aplicações informáticas datadas e equipamento obsoleto. Temos ferro velho", lamentou o sindicalista, exigindo investimento no setor. Até porque, a estas dificuldades, soma-se a falta de recursos humanos e os constrangimentos "nestes serviços essenciais têm um forte impacto na vida das pessoas".
"Temos o nosso setor completamente em burnout [esgotamento profissional]. Este verão, seguramente vão fechar conservatórias por falta de recursos humanos", alertou Arménio Maximino.