Desde que o governo tomou posse, a 26 de novembro de 2015, as empresas de familiares de governantes celebraram contratos com o Estado no valor de, pelo menos, 3 727479,31 euros.
Corpo do artigo
E tão diversificadas como as áreas de contratação são os graus de parentesco a envolver membros do Executivo e familiares. Nesta história há pais, irmãos, filhos e marido. O caso mais abrangente é o da ministra da Cultura. No registo de interesses, Graça Fonseca refere a participação social em duas sociedades: a Joule - Projetos, Estudos e Coordenação, Lda. e a Joule Internacional - Serviços de Engenharia, Lda. A ministra detém 8% do capital, mas não refere que os donos são o pai, a mãe e o irmão, como noticiaram na quarta-feira a "Sábado" e o "Expresso".
11170353
Desde 2015, estas duas empresas fizeram contratos com o Estado no valor de 71 890 euros: dois no valor total de 22 790 euros foram feitos com a Câmara Municipal de Lisboa, onde Graça Fonseca foi vereadora e outros dois (de 49 mil euros) com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que é tutelada pelo Governo.
O caso com o montante mais elevado de contratação envolve o filho do secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves. Através da empresa de construção e reabilitação Zerca, Nuno Neves celebrou três contratos com entidades do Estado num valor superior a dois milhões de euros. O mais significativo, assinado com a Câmara de Vila Franca de Xira, foi para a reabilitação do bairro social da Quinta da Piedade (1,3 milhões de euros). O segundo maior (722 mil euros) é para a reabilitação do edifício da Faculdade de Direito da Universidade do Porto e o terceiro, celebrado no dia 18 de julho, para o tratamento da fachada sul do mesmo edifício (15 mil euros).
Mas o campeão em número de contratos é a sociedade de advogados do marido da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem. Eduardo Paz Ferreira celebrou 25 contratos com o Estado desde que a mulher integrou o Executivo de António Costa, no valor de quase um milhão de euros. Mas já antes, a sociedade de Paz Ferreira fazia negócios com o Estado, incluindo durante governos liderados pelo PSD. O portal dos contratos públicos só tem dados até 2009.
Com cerca de metade do montante estão as empresas do pai do ministro das Infraestruturas que, durante a atual legislatura, celebrou contratos no valor aproximado de 580 mil euros através das empresas Optima e Tecmacal. No registo de interesses o ministro Pedro Nuno Santos refere ter uma participação social de 0,5% nesta última sociedade especializada em "maquinaria para o setor do calçado". O contrato com um montante mais elevado foi celebrado em 2017, no valor de 188 800 euros.