Líder do PS, recandidato ao cargo, entregou moção a apresentar ao Congresso. Rejeita aproximação a um PSD "complacente" face ao Chega.
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O primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, quer abrir um "debate público" sobre a regionalização "no final de 2024", caso seja reeleito secretário-geral socialista em junho. Se vencer as eleições internas, garante que nunca se aproximará de um PSD "complacente" com o Chega, preferindo prosseguir a via das negociações à Esquerda. E, para manter BE e PCP por perto, está disposto a rever a lei laboral.
À saída da sede do PS, em Lisboa - onde entregou a moção de estratégia global a apresentar ao Congresso -, Costa revelou querer "abrir um debate público sobre a regionalização" em 2024. Até lá, pretende "consolidar" a descentralização" e o "reforço das competências das CCDR"; feito o "balanço" desses processos, colocará na agenda a criação das regiões, garantiu.
O "debate público nacional alargado" deverá ter início "no final de 2024", lê-se na moção, intitulada "Recuperar Portugal, garantir o futuro". O documento argumenta que os incêndios florestais e a pandemia "deixaram patente uma lacuna de coordenação dos serviços da administração desconcentrada, em especial na área da segurança".
Mudar lei laboral
Embora a moção veja como "positivo" o trabalho dos secretários de Estado na monitorização regional da pandemia, lembra que essa solução foi temporária. Assim, propõe "encontrar uma resposta coerente e permanente para a coordenação nas áreas não descentralizáveis", como a segurança, e para as situações "de calamidade ou de exceção".
Costa também recusou aproximar-se do PSD, deitando por terra as esperanças que o líder laranja, Rui Rio, tinha manifestado na véspera. O primeiro-ministro não vê "nenhuma razão" para deixar de negociar com a Esquerda e juntar-se a um PSD que se deixou "contaminar" pelo Chega.
Costa disse querer sarar as "feridas" que a pandemia acentuou, entre elas a "enorme precariedade" no trabalho. A sua moção propõe "a revisão da legislação laboral" para "regular as novas formas de trabalho" e reforçar os direitos desses trabalhadores.
O adversário de Costa na corrida à liderança do PS é Daniel Adrião, que se candidata pela terceira vez. À Lusa, o membro da comissão política do partido pede "mais democracia" num PS "amolecido" pelo poder.
A moção "Democracia plena" quer "uma visão a 50 anos que transfigure Portugal". Também propõe uma economia "de alto valor acrescentado" e vê a regionalização como "essencial".
Outros temas
Congresso será misto
A eleição do secretário-geral do PS decorre nos dias 11 de junho, de forma eletrónica, e a 18 e 19 do mesmo mês, de modo presencial. O congresso tem lugar a 10 e 11 de julho, em regime misto: devido à pandemia, decorrerá em 13 cidades.
BE não foi "claro"
Costa quer manter diálogo "sem ultimatos ou dramatizações" à Esquerda. Sobre a atual posição do BE face ao PS, disse não ter ficado "muito claro" se o partido irá aproximar-se ou afastar-se dos socialistas.
Candidato ao Porto
O candidato do PS à Câmara do Porto será apresentado "no momento próprio", disse ontem Costa.