“Expressei-me mal”, disse, dando razão a Pedro Nuno. PSD acusa Governo de dar com uma mão e tirar mais com outra, PS diz que “diabo” já não vem.
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O primeiro-ministro reconheceu ontem que, afinal, Pedro Nuno Santos tinha razão: Portugal não estava obrigado por Bruxelas a privatizar a TAP. “Expressei-me mal”, admitiu António Costa, no Parlamento, no regresso dos debates quinzenais. Num despique sobre impostos, o PSD acusou o Governo de dar “um poucochinho com uma mão” e de “tirar muito mais com a outra”; o PS respondeu que já nem os sociais-democratas acham que vem aí “o diabo”.
Interpelado pelo BE, Costa confirmou que, ao contrário do que tinha prometido, não será possível acabar com a falta de habitação digna até aos 50 anos do 25 de Abril (ler caixa). “Tenho muita pena”, frisou.
Num debate também marcado pelas questões da saúde, o primeiro-ministro assegurou nunca ter dito que “o problema das urgências era culpa dos portugueses”. Voltou a pedir que os utentes contactem a Saúde 24 antes de saírem de casa e criticou a Oposição por ir “passear” para centros de saúde.
OE tira mais do que dá
Um dos momentos mais relevantes ocorreu quando o líder parlamentar do PSD falou da TAP. Miranda Sarmento lembrou que, recentemente, Costa tinha dito que o plano de reestruturação obrigava à privatização da empresa, informação que seria contrariada pelo ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Sarmento quis saber quem tinha razão, criticando os “ziguezagues” de Costa na TAP. Este admitiu: “Efetivamente não é obrigatório no plano, expressei-me mal. O que devia ter dito é que era sempre um pressuposto, no momento da nacionalização, que seria parcial ou totalmente reprivatizada”.
Sobre impostos, Sarmento acusou o Governo de anular o corte de 1,3 mil milhões de euros em IRS com uma subida de 2,7 mil milhões em impostos indiretos. “Copiou mal a proposta do PSD”, atirou, frisando que Costa dá “poucochinho com uma mão” e tira “muito mais” com a outra.
Direita sem programa
Em resposta, Costa revisitou o passado, dizendo que o PSD promete choques fiscais e acaba a fazer “enormes aumentos de impostos”. Miranda Sarmento respondeu na mesma moeda: responsabilizou o PS por ter deixado o país “no pântano” em 2002, com Guterres, e “na bancarrota” em 2011, com Sócrates.
Voltando ao presente, Costa considerou que o PS provou também saber ter contas certas. Isso, alegou, fez ruir as “linhas de demarcação” que a Direita tinha fixado em relação aos socialistas, deixando esse lado do espetro “bastante perplexo e sem saber o que fazer”.
Eurico Brilhante Dias, líder da bancada socialista, juntou-se à discussão: “Já nem o PSD acredita que o diabo venha”, atirou. Costa completou a metáfora ao dizer que, em 2015, o PS tirou o país do “inferno” laranja.
André Ventura, do Chega, ironizou que Costa tem “três mãos”, com uma delas “sempre a gamar”. O chefe do Governo acusou-o de não ter “credibilidade”, já que, “em matéria fiscal, conhece os dois lados do balcão”: trabalhou na Autoridade Tributária, “cansou-se, meteu licença sem vencimento e foi para o outro lado”, atirou, aludindo ao período em que Ventura trabalhou em planeamento fiscal. A IL lamentou a subida do IUC.