O primeiro-ministro cessante, António Costa, disse esta sexta-feira deixar o Conselho Europeu, ao fim de oito anos, "com orgulho" pela evolução orçamental de Portugal e pela sua estabilidade política, destacando as "palavras elogiosas" que escutou nesta última reunião.
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"Mágoa não. Devo confessar, com alguma modéstia, com algum orgulho, a tentar lembrar como tudo começou há oito anos, com algum ceticismo sobre a possibilidade de conseguirmos cumprir as regras europeias" para poder "virar a página da austeridade", declarou António Costa.
Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas no final daquele que foi o seu último Conselho Europeu, após ter representado Portugal num total de 74 cimeiras realizadas desde o final de 2015, o primeiro-ministro lembrou que, após o país ter saído do procedimento por défice excessivo em 2017, conseguiu acabar 2023 "com um saldo orçamental positivo" e já "afastado do pódio dos três países mais endividados". "É uma trajetória que o país poderá seguir tranquilamente rumo às medidas que estão fixadas e no calendário que está fixado", observou.
António Costa disse, ainda, ver "com algum orgulho" o facto de Portugal ter sido, "ao longo destes oito anos, um dos países mais estáveis" em termos políticos. "Poucos colegas meus permanecem no Conselho [Europeu]", referiu o primeiro-ministro cessante.
Numa alusão às "boas relações" que Portugal tem tido com os restantes Estados-membros, António Costa adiantou que Portugal foi "sempre parte da solução e nunca parte do problema".
Na quinta-feira, no primeiro dia do Conselho Europeu, foi transmitido um vídeo de despedida a António Costa, a quem foi ainda dada uma estatueta alusiva ao edifício-sede do Conselho Europeu. "A cerimónia foi igual para os três primeiros-ministros", o português, mas também búlgaro e irlandês, que hoje também participaram no seu último Conselho Europeu.
António Costa destacou ainda as "palavras simpáticas e elogiosas" que escutou do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel durante essa ocasião.
Fonte do Conselho Europeu adiantou à Lusa que foi dado a António Costa "um presente comemorativo", uma "impressão artística do edifício Europa, a sede emblemática" da instituição.
A obra de escultura é da autoria de Maxim Duterre, um jovem designer industrial e artista nascido em Bruxelas.
Ainda na quinta-feira, Charles Michel agradeceu na rede social X (antigo Twitter) ao primeiro-ministro cessante, António Costa, pela sua "capacidade de resolução de problemas", que classificou como "muito útil" nas 74 cimeiras europeias que participou em representação de Portugal.
No cargo de primeiro-ministro desde novembro de 2015, António Costa foi desde então e até hoje, o representante de Portugal no Conselho Europeu, um dos mais experientes entre os seus homólogos da UE.
A Europa "podia ter feito mais"
Durante a reunião, Costa disse ainda que a União Europeia (UE) "podia ter feito mais", realçando esperar que no futuro a sua voz continue a ser ouvida.
"A Europa podia ter feito muito mais, com certeza que podia ter feito muito mais, mas a verdade é que conseguimos gerir a crise migratória, em 2015, a covid-19, enfrentar a guerra, a crise energética e, ao mesmo tempo, relançámo-nos em duas transições que são um enormes desafios para as nossas sociedades", sustentou o primeiro-ministro cessante, em conferência de imprensa, em Bruxelas.
António Costa considerou que a UE vai deparar-se com "desafios constantes e permanentes", decorrentes, por exemplo, das alterações climáticas, "na agricultura, na indústria automóvel, em vários setores de atividade", e reconheceu que a União Europeia tem de encontrar "mecanismos para poder responder".
"Não podemos renunciar à ambição que fixámos a nós próprios de alcançar a neutralidade carbónica em 2050", completou.