À saída do encontro em Berlim com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o primeiro-ministro António Costa trazia uma boa notícia: a Alemanha apoia a intenção de construção de um gasoduto que ligue a Península Ibérica aos Pirenéus. O chefe do Executivo recusou que o encontro tenha sido uma manobra de pressão sobre o presidente francês, Emmanuel Macron, que tem recusado esta obra.
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"A Alemanha continua a apoiar [o gasoduto], como aliás as instituições europeias. A Europa precisa de diversificar as suas fontes de energia, veja-se o que acontece quando temos só um fornecedor", disse o primeiro-ministro à saída da reunião com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, lembrando que "não há uma bala de prata" para resolver o problema da questão da energética na Europa.
Num dia em que os três líderes se encontraram em Berlim, sabe-se que Emmanuel Macron continua a resistir à ideia de construir um gasoduto que ligue a Península Ibérica aos Pirenéus. Costa rejeita que este encontro tenha servido para "pressionar" o presidente francês. Contudo, ficou desde já agendado um encontro prévio ao Conselho Europeu da próxima semana com o presidente francês e espanhol. "A França não vai querer estar isolada no Conselho quanto aquilo que é uma posição comum", acredita.
O primeiro-ministro voltou a reforçar a sua posição quanto à diversificação de fornecedores e recordou que Portugal é "um bom ponto de descarga de gás natural". Mas lembrou que, para garantir o fornecimento à Europa, seriam necessárias mais interconexões.
Reservas à compra conjunta
O primeiro-ministro afirmou que a Alemanha mantém a sua posição de recusa da compra conjunta de gás pela União Europeia. Segundo António Costa, os dois argumentos utilizados respeitam ao "risco de fornecimento criado através da fixação de um preço máximo", mas também "aos contratos de fornecimento de energia que são de longo prazo e, portanto, de preços fixos", a que a Alemanha se opõe.
Esta posição é, de acordo com o primeiro-ministro, contrária à vontade geral dos países europeus que encaram com melhores olhos a compra conjunta de gás para a obtenção de um melhor preço de compra, assunto que estará em cima da mesa num Conselho Europeu a 20 de outubro em Bruxelas.
O chefe do Executivo socialista lembra que "a realidade do abastecimento energético da Europa mudou para sempre".
Frisou também as possibilidades da Península Ibérica enquanto fornecedor de energia limpa e segura, seja hidráulica, eólica, solar ou através de hidrogénio verde. Aproveitou também para recordar que as infraestruturas utilizadas no transporte de gás natural podem ser transformadas para o transporte de hidrogénio verde.
O primeiro-ministro disse que o investimento em infraestruturas de gás natural e das interconexões do mesmo entre os vários países poderá mais tarde ser aproveitado para o transporte de hidrogénio verde, numa alusão ao debate da transição energética.