Paulo Rangel, vice-presidente do PSD, afirmou este domingo que o partido requereu uma reunião plenária extraordinária, com a presença do primeiro-ministro, sobre o "acordo de interconexões ibéricas de energia". A sessão, segundo o partido, poderá acontecer na próxima quinta-feira. Rangel apontou que o acordo do gasoduto ibérico prejudica os interesses nacionais. Uma posição já assumida no dia anterior e que mereceu críticas por parte do Governo.
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"Não nos conformamos com este acordo, negativo e vago, que parece ter sido anunciado só para português ver", referiu Paulo Rangel em declarações aos jornalistas, no Porto, este domingo. Os sociais-democratas acusam o Governo de não divulgar os detalhes do novo projeto do gasoduto ibérico, o chamado "corredor energia verde", acordado entre Portugal, França e Espanha. Para o PSD, a iniciativa secundariza o potencial do porto de Sines e também das energias renováveis no território nacional.
"A defesa do interesse nacional não passa por uma retórica mole sem rigor técnico, sem capacidade de esclarecimento sobre as alternativas, os prazos e os custos. Nesta matéria, temos de ter visão e ambição", defendeu o vice-presidente do PSD. Para Rangel, o Executivo não sabe sequer quanto custará a obra ao país. "Tanto pode ficar em 200 milhões como em 300 milhões", acrescentou.
No sábado, Paulo Rangel já tinha defendido que a criação do corredor energia verde era "um mau acordo e nunca devia ter acontecido". Mais tarde, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, em declarações à SIC-Notícias, disse que a declaração do vice-presidente do PSD era um "absurdo". "O gasoduto valoriza Sines e valoriza a possibilidade de produzirmos gás renovável. Aproveitarmos o gasoduto para a exportação ou até utilizarmos Sines para a exportação de hidrogénio por barco", respondeu.
Na mesma linha, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, afirmou no sábado que a "única coisa" que o PSD "sabe dizer é que o acordo não lhe serve". "O PSD, desde 2015, ainda não percebeu que temos um Governo que defende o país de igual para igual, junto da União Europeia e também dos nossos vizinhos europeus", defendeu.
"Lobby do nuclear francês"
Já o vice-presidente do PSD apontou que o "ministro do Ambiente não foi capaz de dizer porque foram suprimidas e abandonadas as duas interligações elétricas nos Pirenéus" e acusou o governo português de ceder "ao lobby da energia nuclear francesa".
Paulo Rangel avançou que o debate de urgência, requerido pelo partido, deve "ter lugar imediatamente a seguir à discussão e aprovação do Orçamento do Estado na generalidade", agendada para quarta e quinta-feira com a presença do primeiro-ministro. "Tal reunião deverá ser convocada em conferência de líderes extraordinária, que também se requer, e a sessão requerida poderá ter lugar na próxima quinta-feira, imediatamente após a conclusão da sessão agendada (o que permite, de resto, contar com a presença do senhor primeiro-ministro)", pormenorizou.