O secretário-geral do PS considerou que o Governo está numa "fúria" privatizadora por saber que está em final do mandato e afirmou esperar que não tenha tempo para praticar atos "irreversíveis" e danosos para o país.
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António Costa falava aos jornalistas após uma reunião com agentes da cultura, depois de interrogado sobre a possibilidade de o executivo liderado por Pedro Passos Coelho acelerar os processos de privatização em curso.
Para o líder do PS, o atual Governo "está numa agonia que tem vindo a ser prolongada e está numa fúria de saber que tem muito pouco tempo para acabar de fazer as maldades que quer fazer ao país".
"Portanto, cada dia que passa é um dia mais em que eles têm oportunidade de fazer mais uma maldade. Esperemos que não haja tempo para que eles pratiquem atos que sejam irreversíveis e danosos para o país, na TAP, nos transportes públicos, nas águas, ou em outros setores estratégicos", declarou o secretário-geral socialista.
Confrontado com o facto de o ministro da Economia ter assegurado que o ato de privatização da TAP não será reversível, António Costa usou a ironia para responder: "Sim, sim, o senhor ministro Pires de Lima inspira-nos a todos nós uma enorme confiança em cada ato de governação que pratica. Aguardemos pelo fim da história", acrescentou.
Já sobre o jantar/comício realizado no sábado pela coligação PSD/CDS, em Guimarães, o secretário-geral do PS classificou como "extraordinário" o facto de esse evento, na sua perspetiva, ter servido para atacar os socialistas.
"Como não têm nada para festejar, a única coisa que tiveram para dizer foi falar do PS e de mim próprio. Sinto-me muito honrado e para o PS é uma enorme distinção, mas também é a melhor prova [de que a coligação PSD/CDS] que não tinha nada para festejar e o que só lhe restava falar do PS", disse, usando a ironia.
Neste contexto, o secretário-geral do PS procurou depois traçar um quadro de contraste, defendendo que, para os socialistas, "a principal preocupação são os problemas do país".
"É por isso muito importante que haja mobilização para que seja apresentado um excelente programa de Governo e para que o PS tenha um resultado eleitoral indiscutível e que dê as condições de governabilidade, de forma a virar esta página triste de governação nos últimos quatro anos", declarou.
No encontro que António Costa teve com dezenas de agentes da cultura, estiveram presentes, entre outros, os cineastas António Pedro Vasconcelos e Joaquim Leitão, o compositor Mário Laginha, ex-membros de governos como Rui Vieira Nery e Gabriela Canavilhas, a vice-presidente da bancada do PS Inês de Medeiros, as atrizes Maria do Céu Guerra e Beatriz Batarda, e a agente cultura Guta Moura Guedes.
"Neste encontro foi afirmada a centralidade da cultura como fator de base de uma sociedade do conhecimento. A recuperação da centralidade da cultura é absolutamente decisivo para um desenvolvimento sustentável", sustentou o secretário-geral do PS.