Em visita ao Hospital de São João, de onde saíu "confortado" com as garantias dadas, o primeiro-ministro garantiu que o Serviço Nacional de Saúde tem "capacidade de resposta" em caso de uma eventual "grande expansão" do novo coronavírus.
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"Temos no conjunto do país 2000 camas referenciadas como podendo estar reservadas a pessoas que sejam portadoras do coronavírus. Dessas 2000, temos 300 para cuidados intensivos. O próprio Serviço Nacional de Saúde, na sua esfera hospitalar, tem capacidade de expansão através da reorganização dos seus serviços", disse António Costa, esta terça-feira, no Hospital de São João, no Porto, onde estão internados dois doentes infetados com o Covid-19.
O chefe do Governo disse aos jornalistas que, "no caso de haver uma grande expansão" do vírus, haverá uma fase em que "muitos dos doentes que hoje estão internados" poderão "estar em isolamento na sua própria casa", visto que, na generalidade dos casos, a sintomatologia é "muito semelhante" à das gripes.
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O primeiro-ministro explicou ainda que o sistema terá de ter "a flexibilidade necessária para, no limite, só estar no hospital quem necessariamente e estritamente necessita de estar no hospital, o que será uma percentagem menor dos casos que possam vir a registar-se".
Questionado sobre a reunião extraordinária da Comissão Nacional de Proteção Civil, que o ministro da Administração Interna convocou para o fim da tarde desta terça-feira, Costa esclareceu que a sessão se prende com a necessidade de "ir procedendo à avaliação de outras medidas que possam vir a ser necessárias". "Se um dia a situação for diferente, é evidente que as medidas serão diferentes", apontou o primeiro-ministro.
Costa contactou com infetados "através do vidro e por gestos"
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Sempre acompanhado pelo presidente do conselho de administração do Hospital de São João, António Costa seguiu da zona das urgências para o serviço de doenças infeciosas, onde teve oportunidade de conversar com profissionais de saúde e contactar, "através do vidro e por gestos", com os pacientes internados por suspeita ou confirmação de infeção por Covid-10 (à hora da visita, só lá estava internado um doente confirmadamente infetado). "Pareceu-me num bom estado de saúde e tranquilo", disse.
O primeiro-ministro aproveitou a ocasião para "louvar a organização do hospital", tendo notado "as médicas e enfermeiras muito motivadas, muito orgulhosas do seu trabalho, conscientes da responsabilidade que têm e também conscientes de que, nos próximos tempos, a pressão vai seguramente aumentar".
Situação é "muitíssimo mais tranquila" do que foi no passado, dizem médicas
"Tive a oportunidade de falar com algumas médicas que estavam aqui em serviço quando da gripe A e de outras epidemiologias. O que elas dizem é que a situação é muitíssimo mais tranquila do que foi nessa altura. Mas fiquei confortado com as garantias que me foram dadas da capacidade que o hospital tem para, gradualmente, poder escalar a capacidade de resposta conforme as necessidades", concluiu Costa, antes de seguir para uma visita rápida às obras da ala pediátrica.