António Costa voltou a puxar dos galões da sua governação à frente da Câmara Municipal de Lisboa para garantir que irá fazer diferente do atual Governo.
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"Eu não precisei de nenhuma norma na Constituição para reduzir a dívida da Câmara de Lisboa em 40%, tendo reduzido o IMI e o IRS", disse, na abertura da Convenção do PS, que arrancou esta sexta-feira à noite no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, condenando o "sobressalto quotidiano" em que o atual Governo transformou a vida dos portugueses.
"O que é preciso não é mudar de Constituição, o que é preciso é mudar de política", disse, respondendo à intenção revelada, esta semana, pela coligação PSD/CDS-PP. "Não foi pelo facto de não haver um limite à dívida na Constituição que este Governo a fez aumentar de 97 para 130% do PIB. Não, o problema não está na Constituição! Aquilo que falta é mesmo mudar de Governo", disse, acusando a coligação de Direita de ter "falhado todos os seus objetivos" na área económica e na gestão das finanças públicas.
"Foram 4 anos de sobressalto quotidiano, o sobressalto sobre a estabilidade do emprego, sobre a manutenção dos salários e das pensões, sobre a subida dos impostos. O sobressalto para os empresários, para as famílias que fazem contas para saber se conseguem pagar as contas, que vivem a angústia de saber se podem pagar a renda da casa ou o IMI", elencou.
"Continuar esta estabilidade é continuar a instabilidade na vida dos portugueses", disse, considerando que "só a olímpica insensibilidade do primeiro-ministro é que permite dizer que isto é uma história com final feliz. A vida destas pessoas e destas empresas não são histórias, são vidas concretas que não estão a ter um final feliz".
Para Costa, "a coligação de Direita está esgotada e não é capaz de encontrar novas soluções". "Bem podem ir agora a uma casa de penhores levantar as promessas que deixaram em dívida. Já vão tarde. Já ninguém lhes dá confiança para lhes comprar promessas em segunda mão", disse o secretário-geral do PS,
Referindo-se à apresentação das orientações programáticas da coligação PSD/CDS-PP na passada quarta-feira.
Costa lembrou que "o que o atual primeiro-ministro fez foi prometer o que depois não cumpriu", referindo-se ao aumento de impostos. "O que nós nos comprometemos a fazer é aquilo que faremos depois das eleições", disse, prometendo uma "alternativa de confiança".
À chegada ao Coliseu, Costa tentou serenar as dúvidas que persistem dentro do partido sobre o impacto da proposta de redução da TSU, garantindo que a sustentabilidade da Segurança Social está garantida pelas transferências do Orçamento de Estado.
O programa do PS será debatido hoje e amanhã, sendo votado sábado à tarde em plenário pelo 2670 delegados à convenção, que incluem representantes de todas as federações, deputados, eurodeputados e membros dos órgãos nacionais do partido.