Estudo revela que mais de metade dos portugueses considera que a pandemia dificultou o seu acesso aos cuidados de saúde, especialmente os idosos e os doentes crónicos.
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Dos 664 mil portugueses que se sentiram doentes entre março e agosto deste ano, quase um terço (210 mil ou 31%) não procuraram cuidados de saúde. É uma das conclusões do estudo "Acesso a cuidados de saúde em tempos de pandemia", que está a ser apresentado esta manhã de terça-feira, na Ordem dos Médicos em Lisboa.
O estudo foi realizado pela GFK Metris e promovido pelo Movimento Saúde em Dia - Não Mascare a Sua Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) e da Ordem dos Médicos, em parceria com a farmacêutica Roche.
De acordo com os resultados do inquérito, mais de metade dos portugueses (57%) perceciona que a pandemia dificultou o seu acesso aos cuidados de saúde, sendo a população mais idosa (69%) e os doentes crónicos (70%) os mais afetados.
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Entre março e agosto, dois milhões de portugueses tiveram algum ato médico presencial por oposição a 692 mil que não conseguiram concretizar as consultas que estavam marcadas. A quase totalidade destas foram canceladas pelas unidades de saúde e em metade das situações os doentes concordaram com a decisão, admitindo que o cancelamento diminuiu o risco de saúde associado.
O estudo, realizado com base em questionários presenciais, entre 28 de agosto e 7 de setembro, com uma amostra representativa da população (1009 pessoas com mais de 18 anos e residentes em Portugal Continental) revela ainda que cerca de metade dos portugueses sentem-se seguros no acesso aos cuidados de saúde. Para quem não se sente seguro, o risco de contágio é o principal receio.
"Cerca de 40% dos portugueses diz que recorreria de certeza a cuidados de saúde durante a pandemia em caso de necessidade; 35% afirma que só recorria a cuidados de saúde se a situação fosse grave e mais de 22% indica que 'provavelmente recorreria' a cuidados durante a pandemia", conclui o inquérito.
Apenas 4% das consultas de telemedicina envolveram imagem
Questionados sobre a telemedicina, 775 mil admitiram ter tido uma consulta médica marcada neste formato e 90% concretizaram-na. Porém, em 95% das situações as consultas foram por telefone e apenas 4% envolveram imagem (videochamada).
Apesar de satisfeitos com a experiência, dois terços admitem que não gostariam de voltar a ter esta solução em nenhuma situação ou só em casos muito excecionais. Para outro terço a teleconsulta só poderia ser uma opção em algumas consultas e apenas 2% gostariam de manter a teleconsulta em todas ou quase todas as ocasiões.
Relativamente aos medicamentos, a esmagadora maioria dos portugueses (99%) revelam não ter tido dificuldades no acesso, nesta fase pandémica. E os 60% dos doentes crónicos que passaram a receber a medicação de farmácia hospitalar em casa ou na farmácia comunitária relatam uma experiência muito positiva.